Há muito tempo, viveu na floresta um grande bando de elefantes. Seu rei era um elefante enorme, de presas majestosas. Ele cuidava do bando com muito amor e carinho. Certa vez, uma grande seca assolou a região. Como não chovia uma vez sequer nos anos que se passavam, todos os rios e lagos secaram. Pássaros e outros animaizinhos morreram de sede. Os elefantes selvagens sofriam, e seu rei sabia que se eles não conseguissem água logo, muitos não resistiriam à sede. Ele tinha de achar água o quanto antes.
Ele pediu aos elefantes para vasculharem diferentes áreas, em busca de água. Um deles achou um grande lago cheio de água em uma floresta distante. O rei ficou muito feliz. Ele ordenou a todos os elefantes que se dirigissem àquele lago. Chegando lá, viram que era muito belo, e próximo a ele havia uma colônia de coelhos. Os elefantes tiveram de passar junto à colônia, e centenas de coelhos acabaram feridos ou pisoteados até a morte. Os coelhos remanescentes estavam atônitos, e seu rei convocou uma reunião.
"Um bando de elefantes selvagens está atravessando a nossa colônia”, disse ele, “Eles já mataram e feririam centenas de nós. Temos de tomar medidas urgentes para evitar mais mortes. Quero que todos vocês pensem em um meio de salvar nossa colônia”. Os coelhos pensaram e pensaram – como poderiam parar os elefantes? Um coelhinho se levanta e pede a palavra.
"Sua Majestade,” – disse ele – “se me enviar ao rei dos elefantes como seu mensageiro, posso encontrar uma solução”. Ao receber a permissão do rei, o coelhinho partiu apressado.
Logo ele avistou um grupo de elefantes voltando do lago. Bem no meio estava o rei. Aproximar-se dele seria impossível. “Eu morrerei esmagado por suas patas”, pensou o coelhinho. Então, ele subiu em uma grande rocha.
"Oh, rei dos elefantes,” – ele gritou – “ouça-me, por favor”. O rei ouviu sua voz e voltou-se na direção da rocha.
"Bem, quem é você?” – perguntou o rei. “Sou um mensageiro” – respondeu o coelhinho. “Um mensageiro? De quem?” – “Sou um mensageiro da poderosa Lua” – “O que tem a dizer? Há alguma mensagem da Lua para mim?” – “Sim, sim, Sua Majestade. Mas não deve se zangar comigo. Lembre-se que um mensageiro nunca deve ser punido pelo que diz. Ele está apenas fazendo seu trabalho” – “Pois bem. Diga o que tem a dizer. Não o machucarei” – “Senhor,” disse o coelhinho, “é isso o que a Lua tem a dizer...”
"Você, o rei dos elefantes, trouxe seu bando a meu lago sagrado e sujou suas águas. Matou centenas de coelhos em seu caminho rumo ao lago. Você deveria saber que os coelhos estão sob minha proteção. Todos sabem que o rei dos coelhos vive comigo. Peço que não mate mais coelhos, senão, algo terrível acontecerá a seu bando”.
O rei dos elefantes estava em choque. Ele olhou para o coelhinho. “Você está certo”, disse o rei, “Nós matamos muitos coelhos em nosso caminho para o lago. Eu cuidarei para que não sofram mais. Devo pedir à lua que perdoe meus pecados. Por favor, diga-me o que fazer”. “Venha sozinho comigo”, disse o coelhinho, “Venha, eu o levarei à Lua”. O coelhinho levou o grande rei elefante até o lago. Lá eles puderam ver o reflexo da lua nas águas. “Lá está a Lua, Sua Majestade”, disse o coelhinho.
“Deixe-me adorar a divina Lua”, disse o elefante, e mergulhou na água. Imediatamente, a água foi agitada, e a Lua pareceu mexer-se de um lado para o outro. Então, o coelho disse: “Agora a Lua está mais furiosa do que nuca”. “Por que?” – perguntou o rei, “O que eu fiz?” – “Você tocou as águas sagradas do lago”, respondeu o coelhinho. O elefante, então, curvou a cabeça: “Por favor, peça que a Lua me perdoe. Jamais tocarei de novo as águas sagradas deste lago. Jamais tornarei a ferir os coelhos tão amados pela Lua”. E assim, o rei e seu bando de elefantes partiram. Logo tornou a chover e os elefantes viveram felizes em sua antiga floresta. Nunca lhes ocorreu que foram enganados por um coelhinho.
MORAL: A inteligência supera até mesmo a força.
Nenhum comentário:
Postar um comentário