quarta-feira, 5 de abril de 2017

Yatninha - yoga para crianças


A Compaixão de Garuda


Na maravilhosa região de Kailas - o Kailas sutil que não pode ser visto por olhos humanos comuns - estava situada a Morada de Shiva.
Uma tarde, Vishnu foi visitar Shiva. Ele deixou seu veículo vivo, Garuda, em frente ao grande arco natural que levava à morada de Shiva.
Garuda ficou pousado, sozinho, maravilhado pela grandeza do lugar - o lugar físico e visível a todos. Os esplendores dos raios do sol poente tinham espalhado sete cores pelas brumas e neves que envolviam os picos elevados.
De repente, seus olhos caíram sobre uma bela criatura, um pequenino pássaro pousado no arco de pedra. "Como é maravilhosa esta criação! Aquele que fez este gigantesco Himalaia, fez também este minúsculo pássaro - e ambos parecem igualmente magníficos!" pensou.
Justamente então, Yama, a Deidade que preside o Destino e a Morte, ia entrando no arco, talvez com a intenção de ter um, "Darshan" de Shiva. Quando ele ia passar para o outro lado do arco, seus olhos caíram sobre o pássaro, examinando-o atentamente. Suas sobrancelhas se ergueram. Então desviou o olhar e desapareceu por trás do arco.
Garuda, que estava observando a cena, disse para si mesmo: "Yama, quando olha desse jeito, só pode significar uma coisa: o tempo da ave findou! Talvez quando voltar ele leve sua alma embora!"
O coração de Garuda estava cheio de pena pelo pássaro. Ele queria salvá-lo da morte iminente. Mas disse:
"As leis do Destino estão trabalhando. Não é da minha conta interferir nelas!"
Um minuto se passou. Garuda sentiu que suas emoções não estavam pacificadas.
"Se eu posso salvar o pássaro, porque não devo fazê-lo?" ele se censurou.
No momento seguinte, uma outra voz disse-lhe: "Este é meu impulso egoísta. Quem sou eu para salvar alguém?" De repente, ouviu uma voz sutil falando de suas profundezas: "No momento, não estou certo se a sabedoria está em agir ou não agir. Suplico que, o que quer que faça neste estado de incerteza, se torne parte do esquema total Providencial. A Ti, meu Senhor, ofereço minhas emoções e ações!"
A seguir, apanhou o pássaro e, com a velocidade de um relâmpago, desceu até Dandakaranya e colocou-o sobre uma rocha, ao lado de um regato. Retornou então a Kailas e esperou por Vishnu.
Porém Yama saiu mais cedo e, ao ver Garuda, sorriu-lhe. Garuda cumprimentou o Deus e disse:
"Posso lhe fazer uma pergunta? Quando estava entrando você viu um pássaro pousado no arco e, por um minuto, ficou pensativo. Por que?"
"Oh! Já tinha esquecido tudo. Bem, quando meus olhos pousaram nele, vi que ia morrer em poucos minutos devorado por uma gigantesca serpente, lá longe em Dandakaranya, perto de um riacho. Fiquei imaginando como este minúsculo pássaro poderia cobrir tal enorme distância em tão curto tempo. Depois esqueci tudo. Certamente deve ter acontecido de algum modo. Era hora para essa pequenina criatura nascer de novo."
Yama sorriu e foi embora. Será que ele sabia do papel desempenhado por Garuda neste incidente? Não sabemos. Mas Garuda ficou aturdido. A princípio, em dúvida se devia ficar triste ou feliz, logo transcendeu a necessidade de permanecer em tal estado de mente e disse:
"Oh! Senhor, sou um veículo Teu! Que eu permaneça Teu veículo, tanto na ação quanto na inação."
E voltou a seu ânimo de equanimidade iluminada.

Aulas às quinta- feria 16:30 às 17:30 horas.






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