quarta-feira, 15 de março de 2017

Ações e Destinos



Na floresta, nos arredores da cidade de Pratishthana, vivia um eremita que era considerado um gênio fantástico para predizer eventos. As pessoas afluíam para ele a fim de saberem seu futuro, sem se importarem com o fato de que o eremita não gostasse de satisfazer sua curiosidade.
O eremita continuadamente mudava seu acampamento, adentrando-se cada vez mais na floresta, até que as pessoas ficaram cansadas de procurá-lo e desistiram de sua busca.
Um dia, Vipul e Vijan perderam-se no caminho, enquanto tomavam um atalho na floresta, no percurso entre Pratisthana e outra cidade. Perambularam à volta até ficar escuro. Tinham medo dos ataques das feras ou bandidos e procuravam desesperadamente por um abrigo.
Tarde da noite, viram um feixe de luz atrás de um arbusto. Aproximaram-se do lugar com o coração trêmulo e logo alcançaram uma cabana - perto de um riacho murmurante, numa atmosfera cheia de fragrância de sândalo e folhas de Tulsi.
Espiaram dentro da cabana e viram um velho imerso em transe. Adivinharam que ele seria eremita reputado por suas acuradas profecias.
O medo os abandonou na presença do eremita. Acocoraram-se no chão da cabana e, quando o eremita abriu os olhos, prostraram-se diante dele.
O eremita ouviu a história que contaram e deu-lhes variados frutos para comer.
"Relaxem. De manhã, tomem um banho no riacho. Alguns de meus discípulos devem estar aqui depois do amanhecer. Pedirei a um deles para mostrar-lhes como sair da floresta", disse o compassivo eremita.
Eles fizeram o que foi aconselhado pelo eremita. Porém, quando chegou a hora de partirem, ficaram diante dele com as mãos postas e disseram:
"Senhor, sabemos de suas maravilhosas capacidades para predizer o futuro das pessoas. Seríamos tolos se deixássemos sua presença sem conhecer nosso futuro, agora que a chance nos colocou face a face com o senhor!"
"Olhem aqui, rapazes, não gosto de predizer coisas. Pode não ser bom para vocês conhecerem o futuro. Além disso, seu futuro como está agora, pode não permanecer inalterado!" disse o eremita.
Mas os jovens permaneceram onde estavam esperando que o eremita satisfizesse seu desejo.
"Tudo bem", disse o eremita. "Sentem-se quietos por um momento."
Vipul e Vijan sentaram-se de pernas cruzadas diante dele enquanto o eremita meditava sobre eles. Então, olhando para Vipul, disse com a voz firme daquele que sabe:
"Você será rei dentro de um ano."
Então com o olhar fixo em Vijan disse:
"Pena, rapaz, você morrerá nas mãos de um assassino dentro de um ano!"
Os dois amigos inclinaram-se diante dele e despediram-se.
Uma vez na floresta, Vipul não podia conter sua alegria e dançava como um possesso. No entanto, Vijan ficava cada vez mais sombrio. Era muito natural.
De volta à cidade, Vipul comportou-se com orgulho e arrogância:
"Vou decapitá-lo quando me tornar rei!" era o refrão de sua fala quando ficava aborrecido com alguém, incluindo seus companheiros. As pessoas sabiam que o eremita profetizara que ele se tornaria um rei e estavam temerosas de contradizê-lo. Diante dele conduziam-se com temor.
Vijan, que era um professor, fazia seu trabalho com grande devoção e passava o resto de seu tempo orando. Quando não estava orando, estava servindo pessoas à sua volta. Era humilde com todos. Vagarosamente saiu de seu humor sombrio e a morte não mais parecia se agigantar dele. Havia se entregado a Deus.
Seis meses se passaram. Uma noite Vipul chamou Vijan e disse:
"Querido amigo. Vou sair para escolher um lugar para o meu futuro palácio. Você não quer me ajudar na escolha?"
Vijan acompanhou Vipul. Estavam ambos examinando uma região deserta quando Vipul tropeçou em um pote meio enterrado. Desenterrou-o, removeu a tampa e viu que continha ouro.
Hurrah! Gritou. ”Minha sorte começou a despontar! Agora devo usar este dinheiro para preparar-me para receber a coroa que está vindo para mim!"
Ele mal acabara de falar quando um bandido pulou de um arbusto e tentou se apoderar do pote em sua mão. Quando Vijan veio socorrer o amigo, o bandido atacou-o com um punhal. Porém, Vijan era mais forte que ele e também conhecia truques de autodefesa. Deu um leve murro no sujeito, e o punhal caiu da mão do bandido, embora Vijan tivesse recebido um corte no ombro. O bandido fugiu.
O agradecido Vipul ofereceu a Vijan a metade da riqueza que o pote continha. Mas Vijan polidamente recusou a oferta, dizendo que, como tinha que morrer brevemente, ele não necessitava de dinheiro.
Vipul gastou a riqueza extravagantemente - comendo, bebendo e se divertindo de muitos modos dúbios.
Um ano inteiro se passou. Não havia sinal de qualquer coroa que estivesse chegado para Vipul, nem da morte se aproximando de Vijan.
Eles esperaram por algum tempo. Depois foram procurar o eremita que, enquanto isso, havia se entranhado ainda mais na floresta.
"Senhor, como suas profecias deram errado?" perguntaram-lhe quando, por fim, o encontraram.
O eremita sentou-se em meditação por um longo tempo. Então ele disse a Vipul:
"Seu destino mudou por causa se suas estúpidas ações durante esses meses. A coroa que lhe era destinada foi reduzida a um pote cheio de ouro que você achou no campo."
Virando-se para Vijan, disse:
"Suas preces, humildade e confiança, no Divino mudaram seu destino também. A morte pela mão de um assassino foi reduzida a um mero ferimento produzido por ele."
Os dois amigos retornaram silenciosamente.

Aulas às quinta- feria 16:30 às 17:30 horas.






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