segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Como todo mundo

Como todo mundo, eu também tenho medo.
Quero evanescer. Bater as asas. Lagrimar. Clamar. Calar. Poder de não ter poder.
Coraçãozinho encolhido, minúsculo. Desalento infantil. Os desalentos se sentam e se alimentam comigo. Eu fraquejo. Cedo, tombo.
Tempos de ser Alice. Entro através do espelho. Não me mire, não é nadinha, não. São momentos, eles passam.
Eu escuto as minhas dores, elas papeiam comigo. Mas elas viajam, vão embora. É a lassidão.
Pauso, sim, até eu. Um ser imperceptível. Escolho as minhas contendas, mas elas também me dividem, dizimam, ferem. Glórias tem um valor, saiba.
Sou astro rei, manhãs cristalinas, um tanto... Mas essencialmente e ocasionalmente trevas, sem satélite e sem lume. Preciso escurecer.
Descansar é preciso, distrair-se mesmo.
O dia chega. Chego para ele. Em um andar mais harmonioso, mas vagaroso e mais manso. Henri Salvador a cantar. E eu a dançar e a amar minhas intensidades. Isto é o suficiente. 






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