segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A Filosofia e o Propósito do Yoga


Mesmo com a informação acerca do universo crescendo constantemente, a mente humana nunca estará satisfeita e sempre buscará mais conhecimento. Porém, como Kant – o grande filósofo prussiano do século XVII – notou, “o intelecto, no fim das contas, chega a um ponto que não pode ser ultrapassado.”. O intelecto não pode contestar certas perguntas, tais como “Qual o propósito da vida?”, “Quem sou eu?”, “Para onde vou?”, “A morte física é o fim de tudo?”. Pode parecer tolo buscar a verdade com um instrumento tão limitado como é o intelecto ou tentar medir as profundezas desconhecidas das eternas perguntas com um instrumento tão finito.
Existem pessoas conhecidas como santos ou videntes que podem “ver” o passado, o presente e o futuro. Possuem habilidade de juntar os dissipados raios da mente. As respostas para as perguntas transcedentais chegam a essas pessoas desde a ilimitada fonte de sabedoria conquistada durante as horas de meditação silenciosa.
Os videntes e santos que descobriram a verdade declaram que ela remove toda a miséria e dor da vida. Eles realizaram sua “essência natural” que é eternamente pura e perfeita.
Os fundadores de todas as religiões experimentaram Deus através das suas próprias almas, e aquilo que viram, relataram e ensinaram aos seus discípulos como técnicas para alcançar esse estado de experiência. Transcender o intelecto presenteia o yogi, santo ou vidente com a mais elevada e mística experiência – o samadhi.
Por outro lado, muitos mestres religiosos de hoje em dia parecem mais ocupados pregando do que praticando. Muitas pessoas seguem cegamente líderes religiosos sem conhecer o propósito da vida, e sentem-se satisfeitos com simples rituais e tradições.
Cada pessoa necessita experimentar a verdade dentro de si mesma; só assim as dúvidas desaparecerão. O Yoga oferece técnicas práticas e científicas para encontrar e experimentar a verdade na religião. Como toda ciência que tem seu próprio método de investigação, a ciência do Yoga também seu próprio método. O Yoga diz que a verdade pode ser experimentada somente quando se transcende os sentidos e quando a mente e o intelecto param de funcionar.
Um professor de Yoga não deixa de provar teorias nem discute com a classe. Um verdadeiro professor ensina com a autoridade da experiência pessoal. Essa autoridade, em parte, se baseia na orientação recebida de seu próprio mestre e das escrituras. O professor sabe que muitos dos ensinamentos não são mais que sementes que se acabam de plantar. Para cada ideia que o estudante entende, centenas chegaram até a mente consciente, mas só quando este está preparado com a suficiente pureza, fortaleza e claridade mental.
O propósito de toda prática yóguica é alcançar a Verdade que a alma individual identifica com a alma suprema de Deus.
Por trás das formas mutáveis da consciência, existe um espírito imutável e sem forma que não altera nem modifica sua expressão ou sensibilidade, ainda que pareça obscurecido em diversas etapas de seu desenvolvimento.

As oito etapas do Raja Yoga

Patanjali
O Raja Yoga é o caminho da análise sistemática e do controle da mente. Compilado por Patanjali Maharish em seu Yoga Sutras, o Raja Yoga também é conhecido como Ashtanga Yoga, já que suas práticas podem ser divididas em oito etapas:

1) Yamas – Restrições
a) Ahimsa: a não-violencia, não causar o mal por meio de ações, palavras ou pensamentos.
b) Satya: sinceridade, não dizer mentiras.
c) Brahmacharya: castidade, não banalizar o sexo, sublimação da energia sexual.
d) Asteya: não roubar, não cobiçar.
e) Aparigraha: não aceitar subornos, não aceitar presentes em troca de favores.
2) Niyamas - Disciplina
a) Saucha: pureza (interna e externa).
b) Santocha: contentamento.
c) Tapas: austeridade.
d) Swadhyaya: o estudo das escrituras.
e) Ishwara-pranidhana: rendição do ego.
Os yamas e niyamas juntos compõem um alto caráter moral e uma conduta ética. A mente se eleva e se purifica para a meditação profunda.

3) Asana – Postura estável
Para a prática espiritual, assim como para qualquer outro propósito na vida, é essencial ter um sistema físico forte e saudável. Uma mente calma predispõe de um corpo imóvel. Mantenha um ponto fixo na mente e se esqueça do corpo físico.
4) Pranayama – Controle da energia vital
Os nervos físicos, assim como os canais da energia vital (chamados nadis), devem estar puros e suficientemente fortes para suportar vários fenômenos mentais e desorientações que podem aparecer durante a prática. No processo em que se conduz a mente para o interior, velhas negatividades podem aparecer. Em raras ocasiões, podem chegar a aparecer em forma de visões. Uma pessoa frágil descontinuaria a sadhana em vez de confrontar-se com estes aspectos do subconsciente.
5) Pratyahara – Abstração dos sentidos e dos objetos
6) Dharana – Concentração
Concentração da mente tanto em um objeto externo como em uma ideia interna, excluindo todos os outros pensamentos.
7) Dhyana – Meditação
A meditação é definida como uma corrente inquebrável de pensamentos até Deus, excluindo qualquer outra percepção sensorial.
8) Samadhi – Estado de superconsciência
É um estado sublime que transcende qualquer descrição. Está mais além das capacidades da mente posto que transcende os três elementos presentes em toda existência sensorial comum: o tempo, o espaço e a causalidade. O samadhi constitui a meta de toda existência. É aquilo para o que caminham todos os seres.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Os quatro caminhos do Yoga


São quatro os principais caminhos do Yoga são:
Karma Yoga - O Yoga da ação e serviço desinteressado
Bhakti Yoga - O Yoga da devoção
Raja Yoga -O Yoga do controle da mente, abordagem científica 
Jñana Yoga - O Yoga do conhecimento, abordagem filosófica
KARMA YOGA,
o Yoga da Ação.Consiste na dedicação de todo trabalho como uma oferenda a Deus, sem esperar nada em recompensa. O Karma yogui contempla o Senhor em todas as criaturas viventes. Ao renunciar o fruto das ações próprias, estas são desinteressadas. Não pensando em nossas próprias necessidades e desejos, ajudando aos que nos rodeiam, incluindo seres humanos, animais, as plantas e o mundo inteiro, o coração se expande, se destrói o egoísmo e se chega a realização.
O Karma Yoga pode ser praticado em qualquer momento, sob qualquer circunstância, em qualquer lugar que se deseje fazer um serviço desinteressado (em casa, no trabalho, no ashram, etc.).
BHAKTI YOGA
Bhakti é o enfoque devocional do yoga, a abordagem do amor puro. Neste Kali Yuga, Bhakti é visto como a forma mais segura e fácil de yoga. O Bhakta não se trata de afastar-se das emoções, mas canalizá-las e aproveitá-las sublimando-as rumo a devoção.
Seguir o caminho do Bhakti Yoga consiste na realização da Verdade por meio da devoção e amor por um Deus personalizado (Ishwara).
A Oração, os cânticos, o japa (a repetição do mantra ou do nome de Deus), escutar histórias de Deus e santos, os pujas, as cerimônias e os rituais são as práticas básicas de Bhakti. Uma mística relação com Deus (que será visto como um irmão, um filho, uma mãe, um mestre) é buscada e desenvolvida. Bhakti Yoga libera o aspirante das emoções e do egocentrismo a desenvolver-lhe a humildade, a entrega e o sentimento de ser um instrumento nas mãos de Deus.
Existem quatro momentos nos quais as pessoas tendem a inclinar-se à devoção:
1- Quando há aflição, quando tudo foi falado, nos dirigimos a Deus como recurso final.
2- A curiosidade é outro impulso.
3- Quando se tem desejo de ganhar, podendo ser amor, conhecimento, riqueza. A Deus se pede desejos como a um pai benevolente que nos concede todos os favores se nos aproximamos com amor e devoção.
4- O Bhakta mais elevado é o desinteressado, com o simples desejo de amar e servir a Deus. Só com esta atitude o ego desaparecerá.
O perigo em Bhakti é que o devoto se converta em fanático. Por mais que todas as religiões ensinem que só há um Deus, cada pessoa talvez tenda a crer que sua relação pessoal com Deus é a única correta.
RAJA YOGA
Este é a abordagem científica que se dá passo a passo no yoga. Sistematicamente a mente é analisada e se aplicam técnicas para mantê-la sob controle e para alcançar estados superiores de cosnciência. Nos dois sub caminhos do Raja Yoga, o Hatha Yoga e o Kundalini Yoga, o prana (a força vital) é dominado primeiro e assim, a energia adormecida Kundalini se desperta. Então a mente é controlada automaticamente.
Jnana Yoga
É o caminho mais direto. É a aproximação intelectual a evolução espiritual. Através de um correto questionamento (vichara) e uma constante auto análise (viveka- discriminação), a mente é usada para examinar sua prórpia natureza. Diz-se que Jnana Yoga é o mais difícil dos caminhos, não por ser superior as outras, mas porque antes de procurá-la, deve estar firmemente enraizado as outras disciplinas, um agudo intelecto despojado de emoções é necessário.
Através do estudo da filosofia Vedanta o janani trata de aprender a discriminar entre o que é finito ou irreal e o infinito ou real. A atitude desapegada (vairagya) é então desenvolvida. O Vedanta mantém que a liberação não se pode conseguir por um ritual, ação, dever ou caridade, só se alcança através da experiencia intuitiva pessoal.
A filosofia Vedanta tem uma tripla base: nas escrituras, análise racional e na experiência.
Mas não é uma questão de fé cega.
Enquanto os vedantins tomam as escrituras como sua autoridade, devem analisar e compreender todos os ensinamentos usando seu próprio intelecto. Porém o intelecto pode explicar e entender só o finito. Esgota-se através do processo de discriminação e negação tudo que é irreal e o intelecto também deve ser excluído. Só a experiência do Real se mantém. Esta é a Auto-realização. O jnani corre sempre o perigo de orgulhar-se dos poderes intelectuais que desenvolveu. Para manter um equilibrio e evitar o risco de converter-se em um simples intelectual, é aconselhável equilibrar jnana com bhakti.

As Sete Bhumikas – As Sete Etapas do Conhecimento

Vasistha ensinando Rama
A descrição a seguir foi extraída do Yoga Vasistha, o famoso diálogo sobre Jñana Yoga entre o Mestre Vasistha e seu discípulo Rama. Oferece-nos uma medida que indica o progresso espiritual do aspirante.
1)Subecha – o Anseio da verdade.
a)Viveka: discernimento adequado entre o permanente e o impermanente.
b)Vairagya: desapego ou desgosto cultivado em relação aos prazeres mundanos.
c)Shatsampat: seis virtudes. Domínio adquirido sobre os órgãos físicos e mentais.
d)Mumukshutva: profundo anseio pela liberdade de Samsara.
Nesta etapa o Yogi é chamado Sadhaka ou Praticante.
2)Vicharana – Análise lúcida
O yogi ou sadhaka refletiu sobre tudo que leu e ouviu, aplicando a sua vida.
3)Tanumanasa – Diminuição das atividades mentais.
A mente do sadhaka, abandonando a multiplicidade, permanece fixa no Uno.
4)Sattvapati – Ganho da pureza
Nesta etapa é chamado Yogi Brahmavid ou conhecedor de Brahman.
O yogi permanece sujeito durante estes quatro estados aos três karmas: Sanchit, Prarabdha e Agami. Praticou o Samprajñata Samadhi ou a contemplação na qual ainda se tem a consciência da dualidade. É quando se manifestam os Siddhis ou poderes. Se não deseja afetar-se por isso, o yogi penetra no 5º estado.
5)Asanshakti – Nada afeta
O yogi realiza os desejos necessários a sua vontade. Chama-se Yogi Brahmavidvara. Nesta etapa, os karmas Sanchit e Agami estão destruídos. O Prarabdha Karma tem que ser trabalhado.
6)Padarthabhavana – Contempla Brahman no todo
Neste estado, o yogi Brahmavidvariya. Só uma pequena quantidade de Prarabdha Karma permanece. As coisas externas parecem não existir e somente as ações estimuladas pelos demais é que são realizadas.
7)Turya
O yogi neste estado de Turiya é chamado Brahmavidvarishtha. Experimenta samadhi constantemente, já não realiza ações nem por vontade própria nem estimuladas pelos outros e o corpo é abandonado normalmente em até 3 dias depois de haver penetrado neste estado.

Brahman, Brahma e os três gunas


Brahman, Atman
Brahman é o infinito. Sem causa, Eterno, a Realidade Suprema da Filosofia Vedanta. Transcende as qualidades ou atributos. Está acima do sujeito e do objeto; é a fonte da Existência, Conhecimento e Bem Aventurança (Sat Chit Ananda). Brahman é a tela sobre a qual se projeta o drama cósmico (Maya). Mantém a criação (drama), mas esta não lhe afeta.
Não se pode definir Brahman, nem se pode conhecê-lo através do intelecto, já que “definir é limitar”. O mesmo acontece com o Absoluto; então, como pode limitar-se? O grande filósofo não-dualista Shankaracharya afirma categoricamente: “Brahman é real. O universo é irreal. Brahman e Atman são um. Só o que é real não muda ou deixa de existir.” Atman é a Consciencia Absoluta dentro do individuo. É “um” com Brahman, sem mudanças e sem limitações. É idêntico com Brahman. Ainda que Brahman e Atman sejam termos idênticos, Brahman se refere ao Absoluto dentro do individuo.
Upadhi, Maya, Avidya
Os Upadhis são fatores limitativos, são fatores que velam a consciência. Os Upadhis são o corpo e a mente. Maya se manifesta no individuo em forma de Avidya (ignorância). Avidya nos faz esquecer que somos o Ser (Atman) e faz com que nos identifiquemos com o corpo físico, com a mente (os Upadhis). O ser que se identifica com os Upadhis é chamado Jiva. Jiva acredita estar limitado e atado pelos Upadhis e, por cnonsequência, sofre. Por isso terá que voltar a nascer várias vezes até que realize sua verdadeira natureza (Atman).
Ishwara, Jiva
Brahmans, quando associado com Maya, é denominada Ishwara ou Saguna Brahman. Corresponde ao Deus personificado das distintas religiões. De acordo com a Filosofia Vedanta não-dualista, Ishwara está em escalão abaixo de compreensão em relação a Brahman. É o símbolo mais elevado ou a manifestação de Brahman no mundo relativo.
Segundo Swami Vivekananda, “Ishwara representa o conceito mais elevado que uma mente humana pode compreender e que o coração humano pode amar.” As qualidades de Iswara são onisciência, onipresença, soberania universal, domínio universal e poder ilimtado.
Brahman não pode ser descrito por nenhum atributo específico; em seus diferentes aspectos é chamado Criador (Brahma), Preservador (Vishnu) e Destruidor (Shiva) do Universo. Sob esse ponto de vista do puro Brahman, não há criação, já que nenhum dos atributos de Iswara pode ser aplicado a Brahman.
Os ensinamentos do Cristianismo fazem referencia a Brahman e Ishwara: Existe Deus (Ishwara) e por cima dele está a Divindade (Brahman). Deus atua. A divindade não.
A Bhagavad Gita descreve Ishwara como “permanecendo igual em todos os seres”. Iswara é, portanto, o Deus personificado, a quem rezamos. Brahman está fora, acima de qualquer conceito mental. Não pode ser objetivado.
Jiva é a alma individual. É o Atman que se identifica com os Upadhis (fatores limitativos).
Brahma
Brahma é o aspecto criador da trimurti (trindade hindu); os outros doias, já mencionados, são Vishnu (preservador) e Shiva (destruidor). A esses 3 aspectos em conjunto chamamos Iswara. Outros nomes utilizados para Brahma são Hiranyagarbha, Prajapati, Mente Cósmica, Sutratma.
Os três gunas
Maya ou Prakriti é composta por três gunas (qualidades): Sattva, Rajas e Tamas. Os três gunas são comparados aos três da corda de Maya, a corda por meio da qual Maya ata o homem a este mundo ilusório.
Maya não pode existir sem os três gunas; é intrínseca a eles. Estão presentes em distintos graus em todo tipo de objetos – materiais ou sutis – incluindo a mente, o intelecto, o ego. Os gunas operam no nível físico, mental e emocional. Todas as coisas neste universo de Maya contêm os três gunas.
Ao final do ciclo, quando o universo regressa a um estado de não manifestação (Noite de Brahma), os gunas estão em um estado de equilíbrio. Durante esse tempo, Maya – associada com Brahman – existe como mera causa, sem nenhuma de suas manifestações. Logo, os fatores kármicos alteram o equilíbrio dos três gunas, e estes começam a adquirir suas características individuais.
Distintos objetos, sutis e grosseiros, começam a existir. O universo tangível começa a manifestar-se. Essa projeção do universo tangível é conhecida como “O Dia de Brahma”.
Os gunas se manifestam no homem da seguinte maneira:
- Sattva como pureza e sabedoria;
- Rajas como atividade e movimento;
- Tamas como preguiça e inercia.
Como dissemos anteriormente, essas três “qualidades da natureza” existem juntas. Não pode haver Sattva puro sem Tamas nem Rajas; ou Rajas puro, sem Sattva e Tamas; ou Tamas puro, sem Sattva e Rajas. A diferença entre dois seres se dá pela preponderância dos gunas. Enquanto o homem estiver apegado a algum dos gunas, estará atado. Inclusive os deuses estão sob suas influencias. Nos deuses predomina Sattva, no homem Rajas e nos seres subhumanos Tamas.
Sattva ata o homem mediante ao apego a felicidade, Raja com o apego à atividade e Tamas com o apego à ilusão. Somente Brahman está acima dos três gunas e não pode ser afetado por Maya.
Os três ladrões
O Yoga representa a compreensão científica para alcançar a verdade transcendendo a natureza e os gunas. A seguinte história é contada frequentemente no mundo Yogi para ilustrar os três gunas:
Os gunas podem ser comparados a três ladrões que assaltam um homem num bosque. Tamas, um dos ladrões, quer destruí-lo, mas Rajas, o segundo ladrão, consegue convencer Tamas a somente amarrar o homem a uma árvore. Passado um tempo, Sattva, o terceiro ladrão, volta e desata o homem, leva-o para fora do bosque e lhe mostra o caminho que o conduzirá a sua casa.
Mas Sattva também o abandona, porque – por ser também um ladrão – não se atreve a acompanhá-lo para fora do bosque por medo da polícia.
Tamas quer destruir o homem, Rajas lhe ata ao mundo, rouba-lhe os tesouros espirituais e Sattva lhe indica o caminho para a liberdade. Tamas deve ser superado por Rajas e Rajas por Sattva.
Mas finalmente Sattva também de ser abandonado se o aspirante quer conseguir a liberdade total. A verdade está acima dos três gunas.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pensamento positivo e meditação - Vedanta e Dhyana

Swami Vishnu Devananda

Quando a superfície de um lago está tranquila, podemos ver o fundo com muita nitidez. Porém quando está agitado por ondas, isto se torna impossível. Do mesmo modo quando a mente está tranquila sem pensamentos ou desejos podemos vislumbrar o "Ser". Isto se chama "Yoga". Podemos controlar a agitação mental concentrando nossa mente interna ou externamente no "Ser" ou na consciência do "Eu Sou". Externamente utilizamos outros pontos de enfoque.
Quando, por exemplo, jogamos golfe, nos concentramos em direcionar a bolinha para um buraco, esse é nosso único pensamento. Sentimos que fizemos um bom jogo quando nossa concentração foi perfeita. Ficamos felizes porque nossa mente estava concentrada. Neste momento, todas as nossas preocupações e problemas desaparecem. A habilidade mental para a concentração é inerente a todo ser humano e não há nada de extraordinário nem de misterioso nesse processo.
A meditação não é algo que um yogui tenha que nos ensinar, já que possuímos a habilidade de eliminar os pensamentos. A única diferença entre a nossa habilidade natural e a meditação (o caminho positivo) é que normalmente só aprendemos a focar a mente em objetos externos. Quando a mente está totalmente concentrada, o tempo passa sem darmos conta, como se não existisse. Quando a mente está focada o tempo não existe, pois não é mais que uma modificação da mente. Tempo, espaço, causa e todas as experiências externas são criações mentais. Porém, toda a felicidade que alcançamos por meio da mente é temporal e fugaz, está limitada pela natureza. Para alcançarmos este estado de felicidade duradoura e de paz absoluta, devemos aprender primeiro a serenar nossa mente para depois concentrá-la.
Levando o foco mental para nosso interior, até nosso ser, podemos aprofundar a experiência da perfeita concentração. Este é o estado de meditação.Por Swami Vishnu Devananda

Dieta Adequada - Vegetariana

Swami Visnhu Devananda


Além de ser responsável pela construção de nosso corpo físico, os alimentos que comemos afetam profundamente nossa mente. Para a eficiência máxima do corpo-mente e consciência espiritual completa, o Yoga defende uma dieta lacto-vegetariana. Esta é uma parte integral do estilo de vida do Yoga.
A dieta do yoga é vegetariana, composta por comidas pura, simples, alimentos naturais que são facilmente digeridos e saudáveis para o nosso corpo. Refeições simples ajuda a digestão e assimilação dos alimentos. Exigências nutricionais se dividem em cinco categorias: proteínas, carboidratos, minerais, gorduras e vitaminas. Deve-se ter um certo conhecimento da dietética, a fim de equilibrar a dieta. Comer alimentos frescos da natureza, cultivados em solo fértil (de preferência orgânicos, livres de produtos químicos e pesticidas) vai ajudar a garantir um melhor abastecimento dessas necessidades nutricionais. Quando processamos, refinamos,cozinhamos em excesso os alimentos, estamos destruindo seus nutrientes.
Há um ciclo na natureza conhecido como o "ciclo alimentar" ou "cadeia alimentar". O Sol é a fonte de energia para toda a vida em nosso planeta, que alimenta as plantas (no topo da cadeia alimentar), que são comidas por animais (herbívoros ou vegetariano), que são comidos por outros animais (carnívoros). A comida no topo da cadeia alimentar, sendo nutrida diretamente pelo Sol, tem a maior vida propriedades alimentícias. O valor alimentar de carne animal é denominado como de "segunda mão" fonte de nutrição, e é inferior em natureza. Todos os alimentos naturais (frutas, vegetais, sementes, nozes e grãos) têm, em quantidades variáveis, diferentes proporções desses nutrientes essenciais. Como fonte de proteína, estas são facilmente assimilados pelo organismo. No entanto, fontes de segunda mão são freqüentemente mais difícil de digerir e são de menor valor para o metabolismo do corpo.
Muitas pessoas se preocupam se eles estão recebendo quantidade suficiente de proteína, mas se esquecem de outros fatores.A qualidade da proteína é mais importante do que a quantidade. Lacticínios, leguminosas, nozes e sementes fornecem ao vegetariano com um fornecimento adequado de proteína. As elevadas necessidades de proteínas que muitos especialistas recomendam, estão baseadas em estudos antigos e tem sido muito criticada por cientistas.
Um lema saudável é: "Coma para viver, não viver para comer". O melhor é se entendermos que o propósito de comer é para suprir nosso ser com a força vital, ou Prana, a energia vital. Por isto a melhor dieta nutricional para o aluno de Yoga é a dieta simples de alimentos naturais frescos.
No entanto, a dieta do Yoga verdadeiro é realmente ainda mais seletiva do que isso. O Yogi está preocupado com o efeito sutil que o alimento tem na sua mente e do corpo astral. Ele, portanto, evita alimentos que são excessivamente estimulante, preferindo aqueles que tornam a mente calma e o intelecto aguçado. Aquele que leva a sério o caminho do Yoga deve evitar a ingestão de carnes, peixes, ovos, cebola, alho, café, chá (exceto de ervas), álcool e drogas.
Qualquer mudança na dieta deve ser feita gradualmente. Comece incluindo porções maiores de vegetais, grãos, sementes e nozes até que as carne tenham sido totalmente eliminadas.
A dieta do yoguica vai ajudá-lo a obter uma saúde de alta qualidade, uma aguda inteligência e uma mente serena. Por Swami Visnhu Devananda

Relaxação adequada - Savasana



Swami Vishnu Devananda
Quando o corpo e a mente trabalham demasiadamente, sua eficiência natural diminui. A sociedade moderna, a comida, o trabalho e inclusive o ócio criam dificuldades para que as pessoas relaxem. Muitas pessoas têm se esquecido que relaxar e descansar são formas naturais de descarregar-se. Inclusive, quando tentam descansar, a maioria consome muita energia física e mental pela tensão que possuem. A maioria da energia do corpo é desperdiçada. Consumimos mais energia para manter os músculos preparados para trabalhar que no próprio trabalho. Para regular e equilibrar o trabalho do corpo e da mente devemos aprender a economizar energia por eles produzida. Isto é conseguido quando aprendemos a relaxar.
Recordemos que ao longo do dia nosso corpo produz normalmente todas as substâncias e energia que necessita para o dia seguinte. Mas muitas vezes, devido ao nosso mau humor, ira, cólera ou irritação intensa, consumimos esta energia em poucos minutos. O processo de erupção e repressão das emoções violentas geralmente se converte em um hábito regular. O resultado é desastroso, não só para o corpo, mas também para nossa mente. Durante um relaxamento completo, se consome muito pouca ou nenhuma energia ou prana, pois se põe em circulação só a energia necessária para manter o corpo em condições normais, e a maior parte é armazenada e conservada.
Para conseguir uma relaxação perfeita, os yoguis utilizam três métodos: relaxação física, mental e espiritual. A relaxação não é completa até que a pessoa atinja o nível de relaxação espiritual adequada, que só pode ser alcançada pelos aspirantes mais avançados.
Relaxação física
Sabemos que cada ação é o resultado de um pensamento. Os pensamentos tomam forma na ação e o corpo reage ao pensamento. Do mesmo modo que a mente pode enviar uma mensagem aos músculos para que se contraiam, pode enviar outra para que relaxem. A relaxação física começa nos pés e vai se estendendo até a cabeça, relaxando as diferentes partes do corpo. A auto sugestão passa através dos músculos e vai se estendendo até os olhos e ouvidos. Então, lentamente enviamos a mensagem aos rins, ao fígado e aos demais órgãos internos. A posição de relaxação se chama Savasana, "a postura do cadáver".
Relaxação mental
Quando sentir tensão mental, o melhor a fazer para relaxar é respirar devagar e ritmicamente durante alguns minutos. Em seguida a mente se acalmará trazendo a sensação de estar flutuando.
Relaxação espiritual
Por mais que tentemos relaxar nossa mente, as tensões e preocupações não desaparecem completamente até que estejamos relaxados espiritualmente. Enquanto a pessoa continua identificando-se com seu corpo e sua mente, continuará tendo preocupações, temores, ansiedade, cólera, e essas emoções produzem muita tensão. Os yoguis sabem que até que a pessoa possa afastar-se da idéia de corpo/mente e se separar da consciência do ego, não conseguirá uma relaxação completa.
O Yogui identifica a si mesmo com o ser todo-penetrante, todo-poderoso, pura consciência interior. Esta habilidade surge de saber que a fonte de todo poder, paz e fortaleza estão no ser interior e não no corpo. Sintonizamo-nos com isso e confirmamos a natureza real que é "eu sou a pura Consciência ou Ser". Esta identificação com o Ser completa o processo de relaxação
Por Swami Vishnu Devananda

Respiração Adequada - Pranayama

Swami Vishnu Devananda

Ao respirar, a maioria das pessoas utilizam apenas uma parte do potencial de seus pulmões. Respiram superficialmente, quase sem expandir a caixa torácica. Seus ombros estão encolhidos, têm dores na parte superior da coluna, no pescoço e sofrem por falta de oxigênio. Estas pessoas se cansam com muita facilidade e não sabem o porque disso. Normalmente é por não estarem utilizando corretamente o diafragma. Respiram somente com a parte superior e média de seus pulmões.
Existem três tipos básicos de respiração. A respiração clavicular é a menos profunda e a menos efetiva. Os ombros e a clavícula se elevam quando o abdome se contrai durante a inalação. Realiza-se o máximo esforço, mas se obtém uma quantidade de ar mínima.
A respiração intercostal é realizada com os músculos das costelas que expandem a caixa torácica; este é o segundo tipo de respiração incompleta.
A respiração abdominal profunda é a melhor porque leva ar a parte mais baixa e extensa dos pulmões. Esta respiração é lenta, profunda e utiliza o diafragma de modo adequado.
De fato, nenhum destes tipos de respiração correspondem a respiração completa. Uma respiração yoguica completa combina as três citadas acima, começando com uma respiração profunda e continuando com uma inalação nas zonas intercostal e clavicular. Para poder sentir a respiração diafragmática adequada, eleve ligeiramente a roupa e deite-se com a barriga para cima, colocando a mão na parte alta do abdome, onde está localizado o diafragma. Respire lentamente, inalando e exalando (sempre pelo nariz). O abdome se expandirá ao inalar e se contrairá ao exalar. Sinta os efeitos produzidos em seu corpo por esses movimentos.
Para realizar uma respiração yoguica completa, sente-se e coloque uma mão sobre o abdome e a outra sobre a caixa torácica. Inspire lentamente, expandindo o abdome e a parte superior dos pulmões. Em seguida, exale do mesmo modo, deixando que o abdome se contraia como a caixa torácica. Esta é a melhor maneira de respirar.
PRANAYAMA O controle do prana ou energia sutil dirige o controle da mente. Os exercícios de respiração yoguica recebem o nome de pranayama, que significa controle do prana. A maior quantidade de prana no corpo humano é a produzida pelo movimento dos pulmões que atua como um gerador, colocando em andamento as demais partes do corpo.
O pranayama começa controlando o movimento dos pulmões, pelo qual é controlado o prana. Quando este prana sutil é controlado as maiores manifestações de prana no corpo físico vão sendo também controladas pouco a pouco. Quando somos capazes de fazer isto, todo o corpo está sob nosso controle. Todas as enfermidades podem ser eliminadas controlando e regulando o prana; este é o conhecimento secreto da cura. Com a respiração normal conseguimos muito pouco prana. Mas quando nos concentramos e regulamos conscientemente nossa respiração, podemos armazenar uma maior quantidade de prana. A pessoa que tem abundante energia prânica irradia vitalidade e força, e qualquer um que se aproxime dela pode sentir isto.
Por Swami Vishnu Devananda

Exercício adequado: Asanas

Asana Escorpião
Na atualidade existem numerosos sistemas de cultura física especialmente desenhados para desenvolver os músculos por meio de movimentos mecânicos e exercícios. Como o Yoga considera o corpo como um veículo para a alma em seu caminho à perfeição, os asanas estão projetados não só para desenvolver o corpo, mas também para aumentar as faculdades mentais e as capacidades espirituais.
A diferença fundamental que existe entre uma postura de Yoga e um exercício físico normal é que o exercício físico põe ênfase nos movimentos violentos (bruscos) dos músculos, enquanto que as posturas do Yoga evitam os movimentos bruscos porque produzem uma grande quantidade de ácido láctico nas fibras musculares. O efeito deste ácido e a fadiga que produz é neutralizado pela inalação de oxigênio (respiração profunda).
O desenvolvimento muscular nem sempre é sinônimo de um corpo saudável como normalmente se crê. A saúde é um estado em que todos os órgãos funcionam perfeitamente sob o controle inteligente da mente. Os exercícios físicos do Yoga se denominam “Asanas” uma palavra que significa postura estável que deve ser mantida por um certo tempo. Mas isto para uma prática avançada, inicialmente se trata simplesmente de incrementar a flexibilidade corporal. Seu corpo é tanto jovem quanto flexível. As posturas de Yoga se centram primeiro na saúde da coluna vertebral, em sua força e flexibilidade. A coluna vertebral contém os nervos mais importantes do sistema nervoso, o sistema telegráfico do corpo. Ao manter a flexibilidade e a fortaleza desta por meio dos exercícios, a circulação sanguínea é ativada e os nervos têm seu abastecimento assegurado de nutrientes e oxigênio.
Os asanas trabalham na mecânica interna do corpo, glândulas, órgãos, músculos e sobre as partes mais profundas e sutis. Os órgãos internos são estimulados e massageados através dos diferentes movimentos dos asanas e são tonificados para que seu funcionamento torne-se mais eficaz. O sistema endócrino (glândulas e hormônios) rejuvenesce e ajuda a equilibrar as emoções e a melhorar a perspectiva mental da vida. Com as posturas do Yoga, praticamos a respiração profunda e a concentração mental. Uma hora de prática trará os benefícios equivalentes à uma hora de exercícios, uma hora de relaxação e uma hora de meditação, desenvolvendo o poder de concentração com a postura adequada. O sistema de exercícios do Yoga não pode ser comparado com os outros sistemas por sua completa abertura de todo o ser. Quando feitos suaves e conscientemente, os asanas trazem inúmeros benefícios físicos, que se convertem também em exercícios de concentração e meditação.
Os yoguis prestam muita atenção no controle das suas mentes. O poder mental que obtêm, utilizam para aprofundar-se nos mistérios mais ocultos da vida. Sabem que a mente é normalmente instável e que, em cada momento, é afetada e estimulada por sinais visuais, sons, sabores, tatos e odores. Portanto, tem que ser feito grandes esforços para que se desapegue de objetos dos sentidos e vá para dentro, livre de distrações e se mantenha sob controle.
Praticando as posturas de Yoga, não como simples exercícios físicos, mas tomando consciência da utilização dos músculos, da respiração, da relaxação, a mente vai se desapegando dos sentidos pouco a pouco. O Hatha Yoga, cujo um dos ramos são os asanas, é a manifestação prática do Raja Yoga.
Por Swami Vishnu Devananda

Os cincos pontos do Yoga

O yogui imagina a vida como um triângulo - o corpo físico passa pelas seguintes etapas: o nascimento, o crescimento,a maturidade, a velhice e a morte. A etapa do crescimento culmina mais ou menos entre os dezoito e os vinte anos. Nos primeiros anos de vida, na juventude, o rejuvenescimento celular (processo anabólico) é maior do que o envelhecimento (processo catabólico). Em uma pessoa normal, o corpo mantém o equilíbrio deste processo desde os vinte até os trinta e cinco anos. A partir daí começa o declínio, ou processo catabólico. Este desemboca na velhice, que surge acompanhada de enfermidades e indignação. Os yoguis dizem que não nascemos somente para estarmos sujeitos a dor, ao sofrimento, ao declínio e a morte. Existe um motivo muito mais importante para vivermos, mas para descobri-lo se requer uma aguda inteligência e uma força de vontade muito firme. Para isso necessitamos manter um corpo e uma mente saudáveis. Com esta finalidade os sábios da antiguidade desenvolveram um sistema integral capaz de retardar o envelhecimento ou processo catabólico e manter as faculdades físicas e mentais em perfeito estado. Este sistema é o Yoga, um programa fácil e natural que contém cinco princípios fundamentais:


1- Exercício adequado: Asanas
2- Respiração adequada: Pranayama 
3- Relaxação adequada: Savasana
4- Dieta adequada: Vegetariana
5- Pensamento positivo e Meditação: Vedanta e Dhyana

O yoga é um sistema de vida com uma disciplina baseada neste lema: "Vida simples e pensamento elevado". O corpo é um templo ou um veículo para a alma e tem necessidades que devem ser satisfeitas para que funcione adequadamente e possa percorrer o maior número de quilômetros. Metaforicamente falando, estas necessidades podem ser relacionadas com as de um automóvel. Um automóvel necessita de cinco coisas para funcionar bem: um sistema de lubrificação, uma bateria, um sistema de refrigeração, combustível e um condutor responsável sentado ao volante. Agora observemos nossas necessidades como seres humanos.

Exercício adequado: funciona como uma rotina de lubrificação para as articulações, músculos, ligamentos, tendões e outras partes do corpo, pois ativa a circulação do sangue e incrementa a flexibilidade corporal.

Respiração adequada: Ajuda o corpo a conectar-se com sua bateria: o plexo solar onde se armazena um potencial enorme de energia. Com uma respiração plena e rítmica e a utilização total dos pulmões, podemos incrementar o recebimento de oxigênio. Os exercícios específicos de respiração yoguica (pranayama), ensinam a recarregar o corpo e a controlar o estado mental regulando a circulação do prana, ou força vital, esta energia, é liberada para o rejuvenescimento físico e mental.

Relaxação adequada: Esfria o sistema corporal como faz o radiador de um carro. Quando o corpo e a mente trabalham demais sua eficácia diminui. Liberar as tensões musculares traz ao organismo uma sensação de repouso tão reparadora quanto de uma noite de sono profundo. A relaxação reflete em todas as suas atividades e te ensina a conservar a energia e se libertar de preocupações e temores, é o sistema natural para recarregar o corpo.

Dieta adequada: Fornece o combustível mais adequado para o corpo. É fundamental uma ótima utilização da comida, do ar, da água, da luz e da energia do sol.

Pensamento Positivo e Meditação: Coloque-se no controle. O intelecto é purificado. Devemos controlar conscientemente nossos instintos mais baixos por meio da concentração firme e constante da nossa mente. 
Por Swami Vishnu-devananda