Havia um swami que tinha um jardim muito bonito com muitos frutos, vegetais e flores por todo o lado. Um dia a vaca do vizinho saltou a vedação e comeu todos os vegetais e todas as flores de que o swami tanto gostava. O swami ficou tão zangado que correu atrás da vaca com um pau e tanto lhe bateu que lhe partiu uma perna.
Quando a vaca voltou para casa, o seu dono foi imediatamente ter com o swami e perguntou-lhe; “Como podes tu bater assim numa vaca e até partir-lhe uma perna? É um animal inocente, ignorante. Ela não sabia que o jardim te pertencia. Simplesmente entrou e comeu. Não devias ter feito isso. Eu pensava que eras um homem espiritual.”
O swami tinha estudado muito Vedanta e por isso respondeu imediatamente, “Meu filho, a quem diriges a tua queixa? Eu não fiz nada. Eu não parti a perna da tua vaca. Eu sou Aquilo que sou!”
“Então quem partiu a perna?”
“Esta mão partiu a perna.
Eu não sou a mão.”
“Então quem é responsável por essa mão?”
“Não sabes tu o que dizem as escrituras? Que há muitas divindades presidindo as diferentes partes do corpo; esta mão é dirigida por Lord Indra. Indra funciona através desta mão e quando esta mão bateu na vaca, Indra foi o responsável.”
“Está bem, swami”, disse o vizinho, “Eu não posso discutir contigo, é verdade. Peço desculpa. Eu vou aceitar isto como sendo o destino da vaca.” E voltou para casa.
Entretanto Indra estava a observar tudo da sua residência celestial e decidiu testar o swami. No dia seguinte, disfarçou-se e foi visitar o jardim. “Que lindo jardim que Deus criou aqui”, disse ele.
“O quê?!” disse o swami. “Deves ser estranho aqui. Eu sou a pessoa que fez este jardim. Olha para as minhas mãos! Estão cobertas de calos. Primeiro tive que escavar dezenas de metros para encontrar água. Depois de encaminhar a água sozinho. Para cada árvore tive de escavar um buraco fundo e trabalhei arduamente para as plantar. Foi o trabalho duro que eu fiz com esta mão que fez este jardim crescer.”
“Isso é muito bom”, disse o visitante, “mas ouvi há pouco que quando a mão bateu na vaca, tu culpaste Indra. Não achas que quando a mão plantou as flores o crédito também deveria ir para Indra?”
“Quem és tu?” perguntou o swami.
O estranho imediatamente assumiu a sua forma real e replicou, “Eu sou o pobre Indra que tu tens andado a culpar pelas tuas ações erradas.”
O swami imediatamente compreendeu a lição. “Peço muita desculpa. Por favor perdoa-me!”, pediu ele. “Eu nunca mais vou cometer este erro.”
Normalmente quando algo de bom acontece, nós ficamos com o crédito. Mas quando algo de mau acontece, tentamos arranjar alguém a quem culpar. Esta espécie de “trânsito nos dois sentidos” não está certa. Deverias ou tomar inteira responsabilidade pelas tuas ações ou então sentir que tudo acontece segundo a vontade de Deus.
Contos Iluminados
Como dito por
Sri Swami Satchidananda
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