quarta-feira, 7 de julho de 2021

Matsya, o Peixe Avatar

 


Certo dia, quando o rei Satyavrata realizava austeridades, oferecendo água nas margens do rio Kritamala, um peixinho apareceu na água que estava nas palmas de suas mãos. Satyavrata, o rei de Dravidadesha, atirou na água do rio o peixe, juntamente com a água na palma de sua mão. Com uma voz suplicante, o pobre peixinho disse ao rei Satyavrata, que era muito misericordioso: “Meu querido rei, protetor dos pobres, por que estás me atirando na água do rio, onde existem outros seres aquáticos que podem me matar? Tenho muito medo deles”.

Para satisfazer-se, o rei Satyavrata, desconhecendo que o peixe era Vishnu, decidiu com muito prazer dar proteção ao peixe. O misericordioso rei, sensibilizado com as palavras lamentosas do peixe, colocou o mesmo numa jarra de água e levou-O para a sua residência pessoal. Porém, passada uma única noite, aquele peixe cresceu tanto que não podia mover-Se confortavelmente na água da jarra. Então, Ele dirigiu ao rei as seguintes palavras: “Ó Meu querido rei, não gosto de viver nesta jarra de água, submetido a tanta dificuldade. Portanto, por favor, providencia-Me algum reservatório de água mais amplo, onde Eu possa viver confortavelmente”.

Então, tirando o peixe da jarra de água, o rei atirou-O num grande poço. Porém, dentro de um momento, o peixe atingiu um metro e quarenta centímetros de comprimento. O peixe então disse: “Meu querido rei, neste reservatório de água, não consigo obter uma residência satisfatória. Por favor, dá-Me um volume de água mais extenso, pois Me refugiei em ti”.

O rei tirou o peixe do poço e atirou-O num lago, mas o peixe assumiu então uma forma tão gigantesca que excedia a extensão da água. Então, o peixe disse: “Ó rei, sou um enorme ser aquático, e esta água não Me é nada conveniente. Agora, por favor, descobre algum modo de salvar-Me. Seria melhor colocar-Me na água de um lago cuja capacidade nunca diminuísse”.

Sendo assim solicitado, o rei Satyavrata levou o peixe para o maior reservatório de água que conhecia. Porém, quando esse também se mostrou insuficiente, o rei acabou atirando o gigantesco peixe no oceano. O peixe disse ao rei Satyavrata: “Ó herói, nesta água existem poderosíssimos e perigosos tubarões, que Me comerão. Portanto, não deves atirar-Me neste lugar”.

Após ouvir essas doces palavras proferidas por Vishnu que ali estava sob a forma de peixe, o rei, confuso, perguntou-Lhe: “Quem sois, Senhor? Tudo o que fazeis é me confundir. Meu Senhor, no espaço de um dia, Vos expandistes por centenas de quilômetros, cobrindo a água dos rios e do oceano. Antes disso, eu jamais havia visto semelhante animal aquático e tampouco alguém me mencionara a existência de algum igual a este. Meu Senhor, sois decerto a inexaurível Suprema Personalidade de Deus, Narayana, Sri Hari. Foi para mostrar Vossa misericórdia para com as entidades vivas que agora assumistes a forma de um ser aquático. Ó meu Senhor, mestre da criação, manutenção e aniquilação, ó maior dos desfrutadores, Senhor Vishnu, sois o líder e o destino dos devotos rendidos como nós. Portanto, permiti que Vos ofereça minhas respeitosas reverências. Todos os Vossos passatempos e encarnações decerto manifestam-se para o bem-estar de todas as entidades vivas. Portanto, meu Senhor, gostaria de saber o propósito pelo qual assumistes a forma de um peixe. Ó meu Senhor de olhos de lótus, adorar os semideuses, que estão no conceito de vida corpórea, é infrutífero em todos os aspectos. Porém, como sois o amigo supremo e a queridíssima Superalma de todos, a adoração aos Vossos pés de lótus nunca é inútil. Portanto, manifestastes Vossa forma de peixe”.

Quando o rei Satyavrata falou essas palavras, a Suprema Personalidade de Deus, que, no final do yuga, assumira a forma de peixe para o benefício do Seu devoto e para desfrutar de Seus passatempos na água da inundação, respondeu da seguinte maneira: “Ó rei, ó tu que podes subjugar teus inimigos, no sétimo dia a partir de hoje, todos os três mundos — Bhuh, Bhuvah e Svah — imergirão na água da inundação. Quando todos os três mundos imergirem na água, uma grande arca enviada por Mim aparecerá diante de ti. Depois, ó rei, juntarás toda espécie de ervas e sementes e as acomodarás naquela grande arca. Em seguida, acompanhado dos sete rishis e cercado por toda classe de entidades vivas, subirás naquela arca e, sem melancolia, facilmente singrarás com os teus companheiros o oceano da inundação, e a única iluminação será a refulgência dos grandes rishis. Então, quando a arca for açoitada pelos poderosos ventos, deverás prender a nau a Meu chifre, utilizando-te da grande serpente Vasuki, pois estarei presente ao teu lado. Puxando a arca, no qual tu estarás com todos os rishis, ó rei, viajarei pela água da devastação até que a noite do sono do Senhor Brahma termine. Serás completamente orientado e favorecido por Mim, e, devido às tuas perguntas, tudo sobre Minhas glórias, que são conhecidas como Param Brahma, manifestar-se-á dentro do teu coração. Assim, conhecerás tudo acerca de Mim”.

Depois de assim instruir o rei, a Suprema Personalidade de Deus desapareceu. Então, o rei Satyavrata ficou esperando pelo momento do qual o Senhor havia falado. Após espalhar grama kusha com suas pontas voltadas para o leste, o rei santo, voltando-se para o nordeste, sentou-se sobre a grama e começou a meditar na Suprema Personalidade de Deus, Vishnu, que assumira a forma de peixe. Em seguida, gigantescas nuvens, derramando águas incessantes, abarrotaram o oceano cada vez mais. Assim, o oceano começou a transbordar para a terra e a inundar o mundo inteiro. De acordo com a ordem da Suprema Personalidade de Deus, Satyavrata viu uma arca aproximando-se dele. Assim, ele coletou ervas e trepadeiras e, acompanhado de brahmanas santos, embarcou.

Os brahmanas santos, estando satisfeitos com o rei, disseram-lhe: “Ó rei, por favor, medita na Suprema Personalidade de Deus, Keshava. Ele nos salvará deste perigo iminente e cuidará do nosso bem-estar”.

Então, enquanto o rei constantemente meditava na Suprema Personalidade de Deus, um enorme peixe dourado apareceu no oceano da inundação. O peixe tinha um chifre e media quase treze milhões de quilômetros de comprimento. Seguindo as instruções anteriormente dadas pela Suprema Personalidade de Deus, o rei prendeu a arca ao chifre do peixe, usando a serpente Vasuki como corda. Ficando então satisfeito, começou a oferecer orações ao Senhor.






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Com Amor Janisleine Mara

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