Uma vez um lavrador trouxe ao rei Akbar um papagaio que havia capturado nos campos. Tinha-o ensinado a assobiar, cantar e falar. Sentia-se muito orgulhoso.
– Vossa majestade – disse –, este papagaio pode falar como qualquer um dos vossos cortesãos. Rogo que o aceite como um presente.
Akbar ficou feliz. Chamou todas as crianças do palácio e deu-lhes autorização para o alimentarem com fruta e avelãs. Depois mandou construir uma gaiola de prata e mandou chamar dois servos.
– É vossa tarefa atender a este papagaio. Cuidai bem dele. Quem me trouxer a notícia da sua morte será justiçado.
Os pobres servos não ficaram nada contentes com o encargo. Pelo contrário, o seu primeiro pensamento era para o papagaio e corriam para se certificar que nada de mal lhe tinha acontecido durante a noite. Enquanto comiam, pensavam de repente: «Imaginem que acontece alguma coisa ao papagaio enquanto estamos a comer!» E deixavam o repasto para ver se o animal estava bem.
Contudo, e apesar destas atenções todas, o papagaio morreu. Os servos ficaram tão consternados que permaneceram especados a olhar a gaiola com a esperança de que ele se mexesse. «Como é que vamos dizer ao rei?», perguntavam em seus corações. «Matar-nos-á naquele instante!»
Por fim, decidiram pedir ajuda a Birbal. Ficou muito triste por causa deles e zangou-se com Akbar por havê-los ameaçado.
– Deixai isso por minha conta – tranquilizou-os. – Vou ver o que posso fazer.
Daí a pouco Birbal foi ver Akbar e disse-lhe:
– Tenho uma notícia triste para si, Majestade. O seu papagaio já não come nem bebe. Já não se balança na gaiola, não assobia nem fala. Está simplesmente com os olhos fechados. Penso que se transformou num iogue [mestre espiritual indiano que pratica ioga] e está em meditação.
Akbar ficou triste com a ideia de o papagaio não voltar a entretê-lo.
– Vamos ver – disse Akbar.
Mal chegaram à gaiola, o rei exclamou:
– Que estupidez essa do iogue, Birbal! Este papagaio não está a meditar. Está morto!
– Vós sois a única pessoa que o pode afirmar, Majestade! – respondeu Birbal.
– Que pretendes dizer, velho velhaco?
Birbal recordou-lhe a ameaça:
– Vossa alteza disse que justiçaria o homem que lhe trouxesse a notícia da morte do papagaio; os servos estavam demasiado assustados para lho virem dizer.
Akbar ficou feliz por Birbal ter salvado a vida dos servos e disse:
– Às vezes digo coisas sem sentido, Birbal. Mas estou feliz por me impedires de agir de uma maneira também ela insensata!
Aulas às quinta- feria 16:30 às 17:30 horas.
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