quinta-feira, 29 de março de 2012

Meditação - Lição 4

Mantras
Meditation and Mantras, capítulo 7
“ A eficiência do Japa se acentua de acordo com o grau de concentração. A mente deve estar fixada na Fonte. Só assim se conseguem os máximos benefícios do Mantra. Cada mantra possui uma força tremenda. É uma massa de tejas ou energia radiante que transforma a substância mental, produzindo um movimento especial no pensamento. As vibrações rítmicas produzidas pela repetição do Mantra normalizam as vibrações instáveis dos cincos corpos. O mantra controla as tendências naturais da mente para os pensamentos objetivos e contribui para fortalecer o poder espiritual”. Swami Sivananda – Prática de Yoga
Os mantras são invocações sânscritas ao Ser Supremo. Reforçadas e propulsadas pelo Japa, estas invocações passam desde o nível verbal, através dos estados mental e telepático, até converterem-se em energia pura. De todas as línguas o sânscrito é o mais aproximado à linguagem telepática devido a sua afinidade com os cinquenta sons originais.É por isso, o caminho mais direto para se chegar ao estado transcendental. Apesar das pretensões de alguns, os mantras não podem ser criados a medida dos indivíduos. Sempre existiram em um estado latente, como energias do som. Tal como a gravidade foi descoberta, mas não inventada, por Newton, os mantras foram revelados aos antigos mestres, codificados nas escrituras e transmitidos de Guru a discípulo. Ainda é tradicional que o Guru aceite nas iniciações oferendas voluntárias de frutas, flores e dinheiro. A venda de mantras é radicalmente contrária a todas as normas espirituais. Uma vez escolhidos, nem o mantra, nem a deidade, nem o Guru devem ser mudados. Existem muitos caminhos para subir a montanha. A perseverança em uma delas levará o aspirante ao cume mais rapidamente do que se desperdiçar a sua energia ao explorar todos os caminhos alternativos.
Mantras Saguna
Os mantras utilizados pelos aspirantes espirituais para obter a Realização de Deus se chamam mantras da deidade. São saguna, com propriedades, ou que produzem a forma e ajudam no processo de conceituação, do mesmo modo como fazem os símbolos visuais. Em seu tempo, a recitação dá lugar à forma real da deidade particular.
O mantra, como estrutura sonora de consciência, é a deidade mesma. Sua forma se manifesta na parte visível do som. O mantra,portanto, deve ser repetido de modo adequado, com atenção às sílabas e com ritmo. Se for traduzido, deixa de ser um mantra, porque as novas vibrações do som, criadas na tradução, já não constituem o corpo da deidade, portanto, não podem evoca-la. Somente as vibrações rítmicas das sílabas sânscritas, devidamente recitadas, podem regular as vibrações instáveis do devoto e dar lugar a que surja a forma da deidade.
Os ocidentais sentem-se inclinados a pensar que os diferentes mantras se referem aos diferentes deuses e que há uma ampla diversidade na experiência culminante. Não deve ser esquecido nunca que as deidades são aspectos da Divindade única, cuja grandeza é demasiado vasta para poder ser compreendida pela mente no início da prática espiritual. Utilizando novamente a analogia da montanha, os diferentes caminhos que levam ao cume podem ser comparados à adoração dos diversos aspectos de Deus. A montanha é única e o cume é único. Ao chegar ao topo se terá uma visão que abranja a totalidade.
No momento da iniciação pelo Guru, se escolhe a deidade ou Ishta devata. Quando não se pode descobrir sua inclinação natural, o Mestre elegerá a deidade de acordo com sua visão interna. Uma vez escolhida a deidade e o Mantra apropriados e recebida a iniciação do Guru, o aspirante deve trabalhar com seu mantra até alcançar a iluminação. O mantra se converte em sua única canção, até que suas vibrações sejam as suas próprias. Na medida em que consiga esta sintonia, se encontrará mais perto de Deus. Também pode repetir os mantras de outras deidades, de modo complementar, para adquirir atributos particulares. Por exemplo, o Maha Mrityunjaya Mantra protege contra acidentes, enfermidades incuráveis e calamidades, e concede longevidade e imortalidade. Aqueles que fazem Japa dele diariamente desfrutam de saúde, vida longa e finalmente a iluminação.
Meditação com o mantra
Existem variadas ajudas práticas para progredir na meditação com Japa que têm sido provadas por milhares de anos e estão baseadas em sons psicológicos e princípios naturais.
Um Japa mala, similar a um rosário, é frequentemente usado na repetição do mantra. Isto ajuda a energia física e ajuda no ritmo da repetição contínua. É formado por 108 contas. Uma conta adicional, o Meru, é ligeiramente maior que as outras. Este sinal indica que um mantra foi recitado conta por conta, o Japa foi repetido 108 vezes, ou um mala. Os dedos não devem cruzar o Meru. Quando chegamos a ele, damos a volta no mala e continuamos recitando o mantra em direção oposta. As contas são passadas com o dedo polegar e médio, sem utilizar jamais o indicador, que é psiquicamente negativo. O rosário nunca deve ser pendurado do umbigo e quando não estiver sendo utilizado, deve permanecer envolto em um pano limpo.
Para manter o interesse, evitar a fadiga e combater a monotonia que pode surgir de uma repetição constante das mesmas sílabas, são necessárias certas variedades no Japa, que podem ser conseguidas modificando o volume da voz. Pode se repetir o mantra em voz alta durante algum tempo, depois em sussurro e depois recitá-lo mentalmente. A mente necessita de variedade, do contrário se cansa.O principiante não acostumado com esse tipo de atividade pode surpreender-se ao não ser capaz de repetir o mantra durante mais de cinco ou dez minutos seguidos. Se perseverar e o repetir ininterruptamente ao menos durante meia hora, dará tempo ao mantra para que atue sobre sua consciência e, em poucos dias, perceberá os benefícios.
A meditação na imagem da deidade, enquanto se repete o Mantra, aumenta enormemente a eficácia do Japa. O som e a forma se correspondem e se reforçam mutuamente. As vibrações do som, por si mesmas, se feitas com cuidado e devoção, são capazes de dar lugar a forma na consciência do aspirante.
O processo pode facilitar-se enormemente visualizando-se a deidade na região do coração ou no espaço entre as sobrancelhas. Junto à visualização deve existir uma consciência dos atributos da deidade . Há que sentir que o  Senhor está dentro, emanando pureza para o coração e para a mente e manifestando sua presença por meio do poder do mantra.
Assim, ao meditar em Shiva, a energia física está concentrada em passar as contas do mala, a imagem da deidade com o terceiro olho, a lua crescente, a serpente, o tridente e todos os símbolos, ocupam um nível da mente, enquanto que o mantra OM Namah Shivaya está sendo repetido simultaneamente e, em outro nível, absorvido na consciência. A repetição do mantra tem um efeito acumulativo e ganha poder com a prática continua. Fica evidente que a meditação Japa é muito mais que um simples exercício verbal, é estado de absorção completa.
Uma vez finalizado o Japa, são importantes a oração e descanso. Quando finalizada a prática de Japa, não é aconselhável submegir-se imediatamente em atividades mundanas.
Sentando-se silenciosamente, deve-se refletir durante aproximadamente dez minutos no Senhor e sentir Sua presença. As vibrações espirituais permanecerão intactas quando começa a rotina diária. Esta corrente deve manter-se em todo momento, não importando em que estivermos ocupados. Quando a tarefa for manual, entregue suas mãos ao trabalho, mas dê sua mente a Deus. Quando o Mantra puder ser repetido ao longo de todo o dia a consciência de Deus impregnará nossa vida.

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