quarta-feira, 7 de março de 2012

Meditação - Lição 3

Teoria: meditação com japa
Meditation and mantras, capítulo 6.
“Mediante o pensamento constante no mantra, cada um é protegido e libera-se da roda de nascimentos e mortes. Um mantra se denomina dessa maneira porque. A raiz” man “na palavra mantra provém da primeira sílaba que significa” pensar”, e “tra” significa “proteger ou liberar”, da escravidão do mundo fenomenal. Um mantra era a força criativa e outorga a bem aventurança eterna. Um mantra, quando é repetido constantemente, desperta consciência.” Swami Sivananda – Japa Yoga.
Mantra Yoga – uma ciência exata
Um mantra é uma energia mística encerrada dentro da estrutura do som. É o poder divino manifestado em um corpo sonoro. Por meio da concentração e da repetição se libera a sua energia e esta toma forma. O Japa ou Mantra Yoga é aquela prática através da qual o poder contido nos mantras é aplicado.
Cada mantra está construído a partir de uma combinação de sons derivados das cinquenta letras do alfabeto sânscrito. O sânscrito também é conhecido como Devanagri ou linguagem dos deuses. Os sábios da antiguidade, sintonizados com elevados níveis de consciência, conheciam muito bem o poder inerente contido nos sons e eles utilizavam combinações de sons para obter vibrações específicas.
Som: a semente de toda matéria
“No principio era a Palavra. A Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus”.
A “Palavra” da Bíblia é o Sabdabrahman do Tantra Hindu. Palavra, som e mantra são partes integrantes da cosmologia hindu e não podem separar-se delas. O japa, a repetição do mantra, extrai os princípios cosmológicos do terreno da teoria e os coloca para trabalhar de um modo prático. Esta é a senda do microcosmo ao macrocosmo, é o veículo que leva a pessoa de volta a sua Origem.
Durante o período de dissolução, a Energia Cósmica (Shakti) permanece inativa. Tal como a tulipa está latente dentro do bulbo, assim também este universo, tal como nós o conhecemos, está latente em Shakti. Neste instante surge uma vibração, ou o “big bang” e, como um botão de rosa, o universo se abre e se expande. Depois da primeira diferenciação, que as energias seminais do universo, a massa de energia vibrante continua diferenciando-se e expandindo-se em forma de ondas.
Na quinta diferenciação o universo evolui até o plano denso, com a criação de cinquenta sons articulados.
Sob todas as formas do mundo físico estão às ondas oscilantes dos cinquenta sons primários em distintas combinações. O som é a forma potencial e a forma é o som manifestado.
O som como energia
As silabas sagradas usadas em meditação pelos aspirantes espirituais habitualmente são nomes Sânscritos do Absoluto. Como poder divino manifestado em som, o mantra em si mesmo é o corpo da deidade. A teoria da meditação Japa diz que diante a repetição das sílabas com precisão e devoção intensa, se chama à forma da deidade que preside o mantra. A meditação em OM Namah Shivaya produz a forma de Shiva, enquanto que OM Namo Narayanaya produz a forma de Vishnu. As vibrações produzidas pelos tons de um mantra são muito importantes e sua pronúncia não pode ser uma questão fortuita.
Sintonizando com o comprimento de onda do mantra a pessoa é conduzida de volta, desde o plano denso dos sons articulados através de véu que encobre o universo material até a deidade personalizada, e, finalmente a energia primária indiferenciada do Poder Supremo.
Pensamento e som se manifestam em quatro estados fundamentais, com um som audível em um extremo do espectro e pensamento na outra. A meditação Japa nos leva desde o mais baixo destes estados ao mais elevado.
Os quatro níveis de som
Vaikhari: a palavra falada. É densa, som audível até a sua máxima diferenciação. É o pensamento transformado em um código que se chama linguagem. O pensamento, como palavra falada é o seu estado mais concreto.
Madhyama: Vibração mental. Quem fala pensa em uma linguagem e seleciona suas palavras através de seu prisma mental, nublado por preconceitos, impressões, emoções e outras limitações.
Pashyanti: estado telepático, em que se pode literalmente sentir a forma do pensamento. Este é o nível universal em que tem lugar todos os pensamento. Não há diferenciação de pensamentos, nome ou forma. Um hindu, um esquimó, um alemão e um espanhol podem olhar para a mesma flor e experimentar o pensamento dela ao mesmo tempo e na mesma linguagem não verbal.
Para: o quarto estado mais elevado é transcendental. Não está formado por nenhum comprimento de onda em particular, está por cima de todos os nomes e formas. É o substrato imutável, o substrato primitivo de todas as linguagens e é energia pura, ou Shakti. Como som potencial indiferenciado se corresponde com Sabdabrahman, à divina vibração que tudo une.
Uso das vibrações sonoras para a meditação
O japa é um método de canalizar nossa consciência desde o nível mais baixo até o nível mais elevado de pensamento puro. Repetido verbal ou mentalmente, um mantra nos eleva até o estado telepático, e mais além, até o transcendental. A pessoa não desfruta da bem aventurança, mas torna-se a bem aventurança. Esta é a verdadeira experiência da meditação. O poder do som é tremendo. Além da imagem e da forma, pode gerar idéias, emoções e experiências. Simplesmente escutando vocês, a mente pode experimentar prazer ou dor. Se alguém grita: “Uma serpente! Uma serpente!”, todos saltam imediatamente com espanto. Se tal é o poder de uma coisa comum neste mundo, imagine qual é o poder que reside no nome do Senhor.
Japa é um dos métodos mais diretos para a Realização do Ser, ou Consciência Universal. Elimina as impurezas mentais, a cólera, a avareza, luxúria e outras impurezas que escondem a luz interna. O Japa realizado com fé, devoção e pureza incrementa a força do aspirante concedendo-lhe as virtudes e poderes da deidade que preside o mantra.
O Supremo não é uma entidade individual. Deus é uma experiência que se realiza dentro de um particular comprimento de onda. O Japa Produz na mente a forma da deidade vinculada com o mantra. Mediante a prática constante, esta forma se converte no centro de nossa consciência e pode realizar-se diretamente.
Em consequência, o mantra da deidade é a deidade mesma. A repetição com concentração sobre o significado do mantra e sobre os atributos da deidade particular nos levam rapidamente a realização de Deus.
As seis partes de um mantra
1. Rishi - Aquele que teve a realização do Ser pela primeira vez mediante esse mantra e quem o deu ao mundo. O sábio Visvamitra é o rishi do Gayatri.
2. Medida - A que governa a inflexão da voz.
3. Devata - Um ser sobrenatural, superior ou inferior, que constitui o poder que sustenta o mantra. Este devata é a deidade que preside o mantra.
4. Bija - A semente: palavra ou série de palavras significativas que dão um poder especial ao mantra. A Bija é a essência do mantra.
5. Shakti - A energia da forma do mantra, quer dizer das formas das vibrações criadas por seus sonidos. Estas conduzem o devoto até o devata que é adorado.
6. Kilaka - A rolha que tampa a chaitanya (consciência pura) escondida no mantra. Assim que a rolha é removida através da repetição constante e prolongada do Nome, se revela a chaitanya. O devoto recebe a visão da Ishta Devata.
Likhita Japa
Escreve diariamente o seu mantra em um caderno durante meia hora. Quando escreve o mantra observe mouna (silêncio). Escreva o mantra com tinta e claramente. Aos domingos e durante as férias escreva-o durante uma hora. Pode desenvolver um maravilhoso poder de concentração. Do Likhita Japa provém incontáveis benefícios espirituais.
Quando se escreve o mantra não há nenhuma restrição sobre nenhum tipo especial de escritura. Pode ser escrito em qualquer idioma.
Ajuda práticas para o Japa
O tempo mais efetivo para o Japa é de manhã cedo e ao entardecer, quando predomina sattva. Quando se sentar, fique de frente para o norte ou para o leste. Isto exerce uma influencia sutil e aumenta a eficácia do Japa. Voltado para o norte estará em comunicação com os rishis dos Himalayas e será beneficiado misteriosamente com suas correntes espirituais. Um neófito espiritual deve observar esta regra. Sente-se sobre um assento de grama Kusa, uma pele de cervo ou uma manta. Estenda um pedaço de tecido sobre o assento. Isto conserva a eletricidade do corpo.
Tenha uma postura firme. Isto ajuda que a mente também se estabilize e ajuda a concentração. Faça alguma oração antes de começar o Japa. Invoca a ajuda de Ishta Devata com uma oração adequada induzindo um bhava sáttvico adequado.
Nesse momento começa o Japa, pronunciando cada sílaba do mantra corretamente e de maneira bem definida. Não repita o mantra nem muito rápido e nem muito devagar. Aumente a velocidade só quando a mente se distraia. Não faça o Japa de forma apressada. O que ajuda o aspirante a obter consciência de Deus não é o número de repetições, mas sim a pureza, a concentração, a atitude mental e o foco da mente em um só ponto. Faça Japa com devoção total.
Usar um mala te mantém atento e atua como um incentivo a seguir o Japa com continuidade. Pode não ser necessário para os discípulos avançados. A variedade no Japa é necessária para manter o interesse, evitar a fadiga e compensar a monotonia. Repita-o em voz baixa durante um tempo, depois sussurre o mantra e algumas vezes repita-o mentalmente.
Não implore a Deus por objetos mundanos enquanto faz Japa. Sinta que seu coração se purifica e que a mente se estabiliza pelo poder do mantra, com a graça de Deus.
Mantenha o seu mantra em segredo. Nunca o diga a ninguém.
Depois de terminar o Japa não deixe imediatamente o lugar, não se misture com todo mundo nem se submeta a atividades materiais. Sente-se muito quieto por pelo menos dez minutos, sussurrando alguma oração, recordando ao Senhor e refletindo sobre o seu infinito amor. Após uma devota prostração, deixe o lugar e comece com suas tarefas habituais. Desse modo as vibrações espirituais estarão intactas.
Iniciação ao mantra
Se for possível, antes de começar o Japa,busque um mestre qualificado e receba a iniciação ao mantra.
A iniciação ao mantra é a cispa que acende a energia espiritual adormecida em cada  coração um ano.uma vez que o fogo  se acendeu, se mantém mediante a meditação e o Japa diários.
No momento da iniciação, o Mestre desperta o Mantra Shakti, ou o poder do mantra, e o transmite ao discípulo. Se o discípulo é receptivo, recebe a radiante carga de energia em seu próprio coração, ficando imensamente fortalecido e amparado. A partir desse momento repita mentalmente o mantra todos os dias com fé e devoção. Isto tem um efeito purificador e a Realização de Deus acontecerá finalmente. Todo o universo vibra em um determinado comprimento de onda. Todos os mantras, ainda que igualmente eficientes, vibram em diferentes comprimento de onda. No momento da iniciação, seleciona-se um mantra, ou pelo Guru ou pelo iniciado, de acordo com o tipo mental deste último. As vibrações do mantra e as da mente do discípulo devem ser compatíveis. A mente também deve ser receptiva à deidade cuja forma assumirá finalmente. O processo de sintonizar o corpo e a mente com o mantra mediante a meditação com Japa é prolongado. Quando finalmente se obtém a sintonia, sobrevém a meditação.
No estado meditativo o fluxo das ondas de pensamentos internos, canalizadas mediante a repetição do mantra, é grandemente intensificada. Quanto mais profunda é a meditação, mais intensos são os efeitos. A concentração da mente até acima envia um torrente de força através da cabeça dando lugar a uma fina chuva de magnetismo que banha o corpo de cima a baixo em um fluxo de eletricidade suave. Dessa maneira, o poder da Meditação Japa conduz à vibração divina. A pessoa experimenta aquele silêncio eterno que engloba todos os sons.

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