quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O dia em que o Sol se recusou a brilhar


Certa vez, quando a Terra ainda era bem jovem, as aves e os animais reclamaram que o Sol era luminoso e quente demais. Alguns deles chegaram até a desejar que ele não nascesse todos os dias, assim seria possível ter uma folga. O Sol, quando atravessava o mundo de uma ponta à outra, ouviu tudo o que vinha sendo dito e ficou furioso. Então, certa manhã, se recusou a nascer.
Num primeiro momento, os animais e as aves ficaram muito contentes. Estava fresco. Podiam dormir quanto quisessem. Mas logo alguns dos animais e das aves que não enxergavam bem no escuro – e havia muitos – começaram a ficar famintos. Reclamaram de novo, dessa vez porque o Sol não aparecia. Culparam-se uns aos outros e concluíram que a ideia de que o Sol não nascesse tinha sido bem idiota. 
Finalmente, se reuniram e decidiram enviar uma comissão para conversar com o Sol. E um pequeno grupo de aves e animais foi a seu encontro para implorar que ele voltasse. 
Mas o Sol ainda estava muito bravo para concordar em colaborar. 
– Azar – disse ele. – Vocês deveriam ter pensando melhor antes. Eu ajudo as plantas a crescer e as flores a desabrochar. Todos os animais e as aves, e até mesmo o homem, precisam de mim para viver, mas vocês não foram espertos o suficiente para entender isso. 
O grupo retornou cabisbaixo. E a cada dia a vida ficava mais difícil. Rapidamente, entraram em estado de depressão e desânimo. Quem eles poderiam enviar dessa vez? Quem poderia convencer o Sol? Por fim, alguém sugeriu que fosse o galo. Ele era bem-apessoado, falava com eloquência e polidez e, mais importante, nunca tinha reclamado do Sol como os demais haviam feito. 
O galo ficou perplexo. 
– Mas vocês falharam! – admirou-se. – As feras mais poderosas e os pássaros mais belos já falaram com ele. Por que eu serei bem-sucedido? 
Os animais, no entanto, continuaram a suplicar. 
– Você precisa salvar a Terra – argumentaram. 
Então, muito a contragosto, o galo partiu ao encontro do Sol. 
– Senhor meu Sol, rei da criação – começou ele. – Imploro pela sua volta, para que a Terra se restabeleça. Você é quente e luminoso, precisamos desse calor e dessa luz. Nada se desenvolve sem você. Não podemos enxergar a beleza da Terra sem você. Só há trevas e desalento. Represento os pequenos animais e aves. Não temos o que comer, pois as plantas não crescem mais. Estamos sendo mortos pelos predadores noturnos, pois não conseguimos nos esconder o tempo todo nem ver no escuro. Não queríamos que você fosse embora, mas ninguém nos deu ouvidos, apenas aos rugidos das grandes feras. 
O Sol se compadeceu. 
– Se houvesse mais criaturas assim – resmungou –, eu pensaria em voltar. Mas há tão poucos de vocês... 
– De forma alguma – retrucou o galo. – A Terra é repleta de pequenos seres, alguns tão minúsculos que nem é possível percebê-los. Foi uma tolice deixar os maiores fazer esse alarde. Foi um engano que não se repetirá. E prometo que a cada manhã estarei presente para cumprimentá-lo.
uma história de Nagaland 

Aulas às quinta- feria 16:30 às 17:30 horas.





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