Certa vez, quando a Terra ainda era bem jovem, as aves e os animais
reclamaram que o Sol era luminoso e quente demais. Alguns deles chegaram
até a desejar que ele não nascesse todos os dias, assim seria possível
ter uma folga. O Sol, quando atravessava o mundo de uma ponta à outra,
ouviu tudo o que vinha sendo dito e ficou furioso. Então, certa manhã, se
recusou a nascer.
Num primeiro momento, os animais e as aves ficaram muito contentes.
Estava fresco. Podiam dormir quanto quisessem. Mas logo alguns dos animais
e das aves que não enxergavam bem no escuro – e havia muitos –
começaram a ficar famintos. Reclamaram de novo, dessa vez porque o Sol
não aparecia. Culparam-se uns aos outros e concluíram que a ideia de que
o Sol não nascesse tinha sido bem idiota.
Finalmente, se reuniram e decidiram enviar uma comissão para conversar
com o Sol. E um pequeno grupo de aves e animais foi a seu encontro
para implorar que ele voltasse.
Mas o Sol ainda estava muito bravo para concordar em colaborar.
– Azar – disse ele. – Vocês deveriam ter pensando melhor antes. Eu
ajudo as plantas a crescer e as flores a desabrochar. Todos os animais e as
aves, e até mesmo o homem, precisam de mim para viver, mas vocês não
foram espertos o suficiente para entender isso.
O grupo retornou cabisbaixo. E a cada dia a vida ficava mais difícil.
Rapidamente, entraram em estado de depressão e desânimo. Quem eles
poderiam enviar dessa vez? Quem poderia convencer o Sol? Por fim, alguém sugeriu que fosse o galo. Ele era bem-apessoado, falava com eloquência
e polidez e, mais importante, nunca tinha reclamado do Sol como
os demais haviam feito.
O galo ficou perplexo.
– Mas vocês falharam! – admirou-se. – As feras mais poderosas e os
pássaros mais belos já falaram com ele. Por que eu serei bem-sucedido?
Os animais, no entanto, continuaram a suplicar.
– Você precisa salvar a Terra – argumentaram.
Então, muito a contragosto, o galo partiu ao encontro do Sol.
– Senhor meu Sol, rei da criação – começou ele. – Imploro pela sua
volta, para que a Terra se restabeleça. Você é quente e luminoso, precisamos
desse calor e dessa luz. Nada se desenvolve sem você. Não podemos
enxergar a beleza da Terra sem você. Só há trevas e desalento. Represento
os pequenos animais e aves. Não temos o que comer, pois as plantas não
crescem mais. Estamos sendo mortos pelos predadores noturnos, pois não
conseguimos nos esconder o tempo todo nem ver no escuro. Não queríamos
que você fosse embora, mas ninguém nos deu ouvidos, apenas aos
rugidos das grandes feras.
O Sol se compadeceu.
– Se houvesse mais criaturas assim – resmungou –, eu pensaria em
voltar. Mas há tão poucos de vocês...
– De forma alguma – retrucou o galo. – A Terra é repleta de pequenos
seres, alguns tão minúsculos que nem é possível percebê-los. Foi uma tolice
deixar os maiores fazer esse alarde. Foi um engano que não se repetirá.
E prometo que a cada manhã estarei presente para cumprimentá-lo.
uma história de Nagaland
Aulas às quinta- feria 16:30 às 17:30 horas.
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