segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Shiva Nataraja




Shiva Nataraja (o Senhor da dança). Índia, Tamil Nadu, período Chola, 
século 11. Musée Guimet, em Paris.

Shiva é o Deus supremo (Mahadeva), o 

meditante (Shankara) e o benevolente, 

onde reside toda a alegria (Shambo ou 

Shambhu)

Nataraja Neste aspecto, Shiva aparece como o 

rei (raja) dos dançarinos (nata). Ele 

dança dentro de um círculo de fogo, símbolo

 da renovação e, através de sua dança, 

Nataraja cria, conserva e destrói o 

universo. Shiva Nataraja é a personificação

 da dança e das transformações, sua dança 

é um ritual de morte (ao 'velho', a uma 

persona) e renascimento: de um novo corpo, 

uma nova identidade, um novo ciclo. O 

calor no corpo queimando velhos 

padrões psíquicos, antigos modos de ser, 

ver, e sentir. Ela representa o eterno 

movimento do universo que foi impulsionado 

pelo ritmo do tambor e da dança. Apesar de 

seus movimentos serem dinâmicos, como 

mostram seus cabelos esvoaçantes, Shiva 

Nataraja permanece com seus olhos 

parados, olhando internamente, em 

atitude meditativa. Ele não se envolve 

com a dança do universo, pois sabe que ela

 não é permanente. Como um yogue, ele se 

fixa em sua própria natureza, seu ser 

interior, que é perene. Em uma das mãos,

 ele segura o Damaru, o tambor em 

forma de ampulheta com o qual marca o 

ritmo cósmico e o fluir do tempo. Na outra, 

traz uma chama, símbolo da transformação 

e da destruição de tudo que é ilusório.

 As outras duas mãos encontram-se em 

gestos específicos. À direita, cuja palma 

está à mostra, representa um gesto de

 proteção e bênçãos (abhaya mudrā). A 

esquerda representa a tromba de um 

elefante, aquele que destrói os 

obstáculos. Nataraja pisa com seu pé 

direito sobre as costas de um anão. 

Ele é o demônio da ignorância 

interior, a ignorância que nos impede

 de perceber nosso verdadeiro eu. O 

pedestal

 da estátua é uma flor de lótus, símbolo

 do mundo manifestado. A imagem toda nos 

diz: "Vá além do mundo das aparências, 

vença a ignorância interior e torne-se 

Shiva, o meditador, aquele que enxerga a 

verdade através do olho que tudo vê (

terceiro olho, Ājna Chakra)."

Āsana: Shiva Nataraja (A dança do Senhor 
Shiva)
Instrução: 
1 Fique com os pés juntos e os braços ao 
lado do corpo. 
2 Inspire e dobre a perna esquerda para 
trás segurando o pé esquerdo com a mão 
esquerda ao mesmo tempo, estendendo o 
braço direito para fora a frente. Faça
 Chin mudrā com a mão.
3 Continue levantando o braço direito 
para
 cima num ângulo de 45 graus do chão 
enquanto levanta a perna esquerda, o mais 
alto possível com o braço esquerdo. 
4 Mantenha a postura ao respirar 
suavemente pelas narinas. Manter a olhar 
fixo
 um pouco acima do horizonte.
Concentração: Ājna Chakra
Comentários: Execute o Nataraja 
graciosamente, como se dança, mas 
firmemente
 com a atenção focada, pois sua dança 
simboliza a energia cósmica em suas 
"cinco ações": A criação, 
manutenção e destruição ou reabsorção do 
mundo, a 
ocultação de ser autêntico, e a graça 
salvífica.
Durações / Repetições:
Pratica o tempo que for 
confortável, alternadamente da perna 
direita para a esquerda.
Benefícios: Essa postura contribui para 
reforçar o seu sentido de equilibrio
 e concentração. O arco formado pela 
perna de trás que esticou suavemente 
alinha as vértebras da coluna, 
restaura a flexibilidade e alivia a 
tensão causada pela má postura. Tonifica
 os músculos dos quadris e pernas, bem
 como estimula os músculos do peito. 
Nataraja fornece ótimo alongamento dos 
ombros, tórax, coxa, virilha e no abdômen. 
Ele fortalece as pernas e os tornozelos.
 Além disso, melhora o equilibrio 
e a estabilidade, constrói interior e 
exterior. Ele inculca um levante 
psicológico e abre o coração. Assim 
trabalha a mente, corpo e alma.
Tandava a Dança de Shiva
Se bem feito, o Shiva Nataraja pode 
introjetar a egrégora de Shiva no 
inconsciente do yogue, tornando-o uno 
com o criador do Yoga. Ao nos relacionarmos
 com o Absoluto, o fazemos através de 
uma relação com uma imagem especifica 
(murta)
 ou então de maneira amorfa (amurta).
Shiva,
 por exemplo, é invocado de diferentes
 maneiras. Cada forma tenta sobressaltar
 os diferentes aspectos do Absoluto. 
A forma
 de Shiva Nataraja, com sua dança 
(tandava), é uma forma que mostra a 
felicidade na criação. A causa da 
criação é Ananda. Brahman é Ananda.
Esta dança representa a pura felicidade.
 Ninguém poderia dançar triste ou 
irritado. Tandava representa o aspecto
 da plenitude de Paramesvara.Nesta dança 
ele é representado com uma perna no ar.
 Isso implica que ele está ao mesmo tempo
 dentro e fora da criação. Se ele estivesse
 com os dois pés na terra ele seria um 
jiva (aquele que nasceu). Se ambas as 
pernas estivessem no ar, não haveria 
criação. Ele representa o mundo e também
 aquilo que está fora dele. Ele sustenta
 tudo e ao mesmo tempo está distante de tudo.
Shiva Nataraja
Existem muitas versões a respeito da 
história de Shiva Nataraja, em uma 
dessas versões encontrada nos Puranas, é 
dito 
que os rishis questionaram a relevância de
 Deus argumentando que desde que o Karma
 era tudo, apenas a ação tinha importância.
 Para remover a ignorância, Shiva tomou a 
forma de Sundaramoorthy e veio até a 
vila. Encantadas, todas as mulheres o 
seguiram. Os rishis, enfurecidos por terem
 sido enganados e tomados como tolos 
conduziram, então, uma cerimônia védica 
para destruir Shiva. Primeiro, do fogo 
veio o demônio Muyalagan e a dança cósmica 
teve início. Muyalagan foi preso sob o 
pé de Shiva e as cobras que vieram do 
fogo se tornaram a guirlanda de Shiva. 
Um veado de grandes chifres se tornou 
pequenino e foi seguro em uma das mãos.
 A pele de um tigre foi retirada e usada 
como sua própria roupa enrolada na 
cintura enquanto o fogo foi capturado em 
outra mão. O som do mantra se tornou 
suas tornozeleiras e então a forma de 
Shiva Nataraja se manifestou.
A visão da estátua de Shiva Nataraja 
provoca um estado de grande paz interior. 
Por trás da construção de uma Murti há todo
 um processo de estudo já que ela deve 
ser construída baseada em um diagrama
 de triângulos. Cada parte do corpo de 
Shiva
 tem a necessidade de estar em perfeita 
conexão pois cada uma tem seu significado.
 O ritual da cena, o ritual nas praticas
 de yoga, transmutam o bailarino e o 
praticante respectivamente. Há um nível 
de concentração que permite ao 
bailarino assistir a execução do 
movimento, e executá-lo, sendo 
simultaneamente
 o 'fazedor' e aquele que assiste ao 
que é feito. A conquista de um 'estar
 presente', observando o próprio 
estado de presença, de um 'fazer 
'simultâneo a um 'observar' do que está 
sendo feito, é uma das etapas no caminho
 da integração A libertação que o Yoga 
visa,
 é, no entanto, uma libertação num âmbito 
total, existencial, espiritual. E
 esta liberdade, o trilhar do caminho em 
direção a ela, instrumentará o bailarino e
 sua dança, da possibilidade de 
transmutar a vida na arte, fazer morrer
 e viver num ritual de transformação 
e doação infinitos.Bia Gaspar
Meditação de Shiva
No hinduísmo, tada a ação afeta o autor. 
O que fazemos só para o próprio 
bem-estar acrescenta nova camada ao 
ego que, cada vez mais espesso, nos afasta 
de Deus, enquanto cada ação 
desinteressada diminui a 
autoconcentração e dilui as barreiras 
que nos separam do divino.
A meditação de Shiva busca remover essas 
camadas por meio da repetição do mantra
 OM Namah Shivaya (Saudações, que os 
elementos desse universo se 
manifestem plenamente em mim). 
Invoca-se continuamente Shiva até 
sentir sua presença.

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