terça-feira, 13 de novembro de 2012

Chyavana Muni e Sukanya



Iksvaku tinha um filho chamado Saryati, que era uma gema entre os homens. Ele era muito generoso, um rei virtuoso, que atuava de todo modo como um pai para os súditos de seu reino. Saryati tinha um tesouro particular pelo qual ele era extremamente apaixonado. Ele tinha uma jovem filha de nome Sukanya, cujo nomesignifica, "A Magnífica Deusa Virgem."
Sukanya costumava sair do palácio para brincar com suas amigas. Acompanhada pela guarda do rei, elas iam para a floresta colher flores e caçar pequenos animais, jogar bola e brincar, brincar. Sukanya adorava brincar na floresta. Um dia o rei saiu com toda sua contingência de soldados para fazerem exercícios. Ele levou sua filha Sukanya juntamente com todas as suas amigas com ele. Ele determinou uma área numa trilha muito sagrada da floresta para elas brincarem. Colocando soldados ao redor da área, ele deixou sua filha e suas amigas livres para andar e brincar enquanto ele ia supervisionar as manobras de seu exército. Quando Sukanya estava brincando perto daquela trilha, ela deparou-se com um imenso formigueiro. Era um
volumoso amontoado de terra que as formigas tinham amontoado. Parecia muito misterioso; uma visão muito estranha de se ver. Havia duas bolas de fogo irradiando do monte de barro. Sukanya ficou assustada e encontrando uma vara, ela empurrou-a para dentro das brasas ardentes.
Imediatamente ela ouviu um gemido e ficando assustada com o som ela saiu correndo. Ela juntou-se às suas amigas e não disse nada sobre o incidente. Depois de brincar alguns momentos ela se esqueceu de tudo. Repentinamente todos os soldados do exército do rei tiveram seus intestinos parados. O Capitão da Guarda veio ao rei e disse, "Ó rei, todos os nossos soldados estão em aflição. Ninguém pode passar sem eliminar qualquer fezes ou urina. Todas as eliminações deles ficaram paradas. O que faremos? Os soldados estão em grande sofrimento." O rei disse, "Chamarei o ministro. Ministro, os soldados estão sofrendo", disse ele. O ministro respondeu, "Vamos buscar a causa deste sofrimento. Ouvi dizer que Chyavana Muni, o grande Rsi tem estado realizando tapasya nestas redondezas. Talvez, possivelmente, isto tem algo a ver com uma não autorizada interrupção de suas devoções. Vamos ver." Os soldados do rei saíram e foram buscando pelo Muni, quando um soldado passou pela montanha das formigas de onde saía um som de gemido. Ele viu uma vara empurrada no buraco do barro e imediatamente começou a limpar o barro. Ele ficou muito surpreso de encontrar Chyavana Muni, que tinha estado sentado em
Samadhi por um tão longo tempo, que as formigas tinham coberto seu corpo completamente com barro. Ninguém podia dizer que a figura era um sadhu sentado, através das duas rachaduras no barro, embora seus olhos brilhassem como brasas ardentes da luz de sua tapasya. O soldado disse, "Muni, quem fez esta coisa terrível com você? Quem colocou estas varas em seus olhos?
Eu trarei o rei aqui." Descobrindo o Muni e fazendo-o ficar confortável, ele correu até onde estava o rei. Saryati rapidamente veio com seus ministros. "Ó Muni, meus ancestrais têm sempre convidado sadhus para vir realizar tapasya aqui livres do medo de qualquer tipo de dano. Agora alguém o injuriou enquanto você estava sentado em meditação nesta trilha sagrada, mesmo enquanto todos os meus soldados estavam aqui para protegê-lo.Eu sou o rei desta nação, e não descansarei até encontrar os culpados que foram responsáveis por colocá-lo em tal sofrimento." O Muni disse, "Ó rei, você não precisa ir longe para encontrar, por que a pessoa que fez isso em mim foi sua filha , Sukanya." "Minha filha, Sukanya, aquela angélica e doce menina? Ela só gosta de brincar e se divertir na floresta. Ela nunca machucaria alguém." "Chame Sukanya," ordenou o Muni. Sukanya foi trazida até seu pai. "Sukanya, este é Chyavana Muni, o mais velho e venerável sábio cuja reputação é conhecida ao longe. Alguém perfurou os olhos dele com estas varas e ele mencionou seu nome." "Sim, Pai, é verdade. Eu o fiz por acidente. Eu vi o fogo brilhando na montanha das formigas e não sabia por que, mas eu empurrei a vara para ver se ia se mexer. Então ouvi um gemido e fiquei assustada e saí
correndo." "Você vê," disse o Muni "foi sua filha que me fez ficar cego." Saryati, o rei, disse, "Muni, como posso expiar essa má conduta? Como posso recompensá-lo? Darei a você
aldeias para seu suporte, centenas de servos cuidarão de você. Farei o melhor devido essa perda. Conceda o perdão à minha filha. Ó Muni, livra-me deste débito." O Muni disse, "Sou um homem velho. Não preciso de riqueza ou aldeias. Quem deseja ser cuidado por servos que fazem seu dever ao mestre por medo ou obrigação. Agora sou cego e velho. Quem cuidará de mim com amor, ternura e compaixão? Certamente nenhum servo fará isso! Um servo somente realiza os requerimentos de seu dever, procurando depois livrar-se da servidão. Não, rei Saryati, se você deseja tranquilizar meu coração, entãodê-me sua filha, Sukanya, como minha esposa."
"Sua esposa? Sukanya? Ela é a gema do palácio. Uma jovem, uma pequena menina. Ela será uma rainha. Como posso dar a gema do palácio a um velho e cego sadhu que vive nu na floresta? Ó Muni, escolha algum outro desejo. Eu lhe darei centenas de meninas, milhares de donzelas, servos, riqueza, ouro, terra. Mas por favor
não leve Sukanya para longe de mim." "Não!" disse o Muni. "Sua filha fez isso comigo e somente ela poderá servir-me com carinho e devoção." "Mas", disse Saryati, "o dever de um pai, assim como seu deleite, é conseguir um par satisfatório para sua filha. Minha jovem e bela filha casar-se com um asceta velho e cego da floresta? Como posso pensar em tal coisa? Ela é uma menina nobre. Você é um sadhu. Sukanya cresceu com todo o conforto da vida, e você não tem nada para oferecer a ela. Ela é jovem e logo seu corpo se desenvolverá na maturidade, e ela desejará um marido apaixonado. Você não terá capacidade de satisfazer estes desejos. Ela terá desejo de ter crianças e sua idade de
ter filhos já passou. De todos os modos este é um caso insatisfatório. O primeiro dever de um pai é dar à sua filha um casamento com honra e dignidade em uma relação satisfatória. Não darei minha filha à você!" "Bem, você pode pensar sobre o assunto," disse o Muni. Saryati retornou ao seu reino. O Capitão da Guarda veio ao rei. "Senhor, os soldados estão gemendo de dor. Ninguém pode urinar nem defecar. Ninguém tem qualquer eliminação de qualquer tipo. Todos estão sofrendo. O senhor é o rei da nação. Por
favor remova o sofrimento de seus súditos." "Não darei minha filha ao velho sadhu! Isto não está de acordo com meu dharma. Eu queimaria no inferno por séculos se cometesse em tal ato covarde." Algum tempo se passou, e os cidadãos estavam em agonia. Sukanya veio ao pai e disse, "Pai, decidi que quero viver uma vida dharmica. Exatamente como Savitri estava para Satyakama, que caminhou até mesmo para dentro da casa da morte par salvar a vida de seu marido; como Ahalya estava para Gautam; como Arundhati estava para Vasistha; como Shakti está para Shiva: todas essas mulheres são emblemas de pureza, firmeza e devoção em seus afazeres matrimoniais, deste mesmo modo, pai, por favor, dê-me em casamento a Chyavana Muni. Eu serei a
Shakti dele. Ele será meu Shiva. Juntos realizaremos os quatro objetivos da vida, Dharma, Artha, Kama e Moksha. Que maior honra para uma filha de um rei do que casar-se com um Rsi e tornar-se uma grande vidente, uma Tapasvini, alguém que vive na floresta em divina contemplação, livre dos cuidados da vida mundana. Pai por favor dê-me em casamento ao Muni." "Minha filha, não posso dar-lhe em casamento para aquele velho e cego sadhu!" "Pai, você deve. Você deve aliviar o sofrimento de seus súditos. Você deve salvar seu exército da dor, Você deve deixar os cidadãos seguirem com seus negócios na vida, e deixar-me percorrer o caminho da auto realização, unindo-me com Chyavana Muni, servindo-o e aprendendo sua sabedoria. Que mais fina e mais nobre união você deveria buscar para sua filha? " Ouvindo estas palavras de sabedoria e renuncia de Sukanya, Saryati ficou muito satisfeito levando sua jovem filha na floresta, ele encontrou Chyavana Muni. Todo o reino o seguiu. Todo o exército e os cidadãos vieram ver o noivado de Chyavana e Sukanya. Quando os sacerdotes pronunciavam os mantras e uniam os dois no sagrado matrimônio, todos os soldados e cidadãos defecaram exatamente lá. Que alívio!
Sukanya deixou a roupa de princesa real e adornou-se com roupas feitas de casca de uma árvore. De toda maneira ela adaptou-se a vida na floresta exatamente como os Munis e Rsis vivem. Sukanya cuidou de seu marido com a maior devoção. Antes que ele acordasse de manhã, ela já tinha descido ao rio e trazido água para o banho de seu marido. Antes do alvorecer ela chamava seu marido, levava-o para chamar a natureza, o vestia e pegava flores e frutas para sua adoração. Ela tinha que ter tudo pronto para o puja antes que ele se sentasse para a adoração. Ela cozinhava a comida de modo que quando ele tinha completado a meditação e adoração, ela pudesse alimentá-lo. Depois, deitando-o para descansar, ela lavava os pratos
e utensílios e então voltava para massagear-lhe os pés. À noite ela fazia uma fogueira e ele lhe contava histórias, os ensinamentos e tradições das grandes e nobres almas que instruem e inspiram. Deste modo ela passava sua vida na floresta, e estava muito feliz.

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