quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Atrito







Quando lembramos da palavra “atrito”, 

parece que é algo que deveríamos e queremos 

sempre evitar. Ocorre que o atrito é 

decorrente do relacionar-se com o outro e 

o que mais precisamos é estar em contato, 

nos encontrando com outrem. Abaixo um 

texto dusbons de Roberto Crema, que nos

leva a compreender o que podemos aprender 

quando nos atritarmos  com alguém.


Atritos
Ninguém muda ninguém.
Ninguém muda sozinho.
Nós mudamos no encontro.
Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos 

transformamos. Somos transformados a partir 
dos encontros desde que estejamos 
abertos e livres para sermos impactados pela ideia e o sentimento do outro. Você já viu a diferença que existe entre as pedras que estão na nascente de um rio e as pedras que estão em 
sua foz? As pedras na nascente são toscas,
pontiagudas, cheias de arestas. À medida
que elas vão sendo carregadas pelo rio, 
sofrendo a ação da água e se atritando com 
as outras pedras ao longo de muitos anos, 
elas vão sendo polidas, desgastadas.
Assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar 

que não existem sentimentos bons ou ruins 
sem a existência do outro, sem o seu contato.
Passar pela Vida sem se permitir um relacionamento próximo com o outro é não crescer, não evoluir, não se transformar.
É começar e terminar a existência com uma 

forma tosca, pontiaguda, amorfa.Quando olho 
para trás vejo que hoje carrego em meu ser várias marcas de pessoas extremamente importantes. Pessoas que, no contato com 
elas me permitiram ir dando forma ao que 
sou, eliminando arestas, transformando-me 
em alguém melhor, mais suave, mais 
harmônico, mais integrado. Outras, sem 
dúvida, com suas ações e palavras me criaram novas arestas que precisam ser desbastadas.
Faz parte...
Revezes momentâneos servem para o 
crescimento.
A isso chamamos experiência.
Penso que existe algo mais profundo ainda, 

nessa análise.
Começamos a jornada da vida como grandes 

pedras cheias de excessos.
Os seres de grande valor percebem que ao 

final da vida foram perdendo todos os 
excessos que formavam suas arestas, se aproximando cada vez mais de sua essência
e ficando cada vez menores, menores, 
menores...
Quando finalmente aceitamos que somos 
pequenos, ínfimos, dada a compreensão da existência e importância do outro, e principalmente da grandeza de Deus, é que 
nos tornamos grandes em valor.
Já viu o tamanho do diamante polido, 

lapidado?
Sabemos quanto se tira de excesso para

chegar no seu âmago.
É lá que está o verdadeiro valor...
Pois Deus fez a cada um de nós com um 

âmago muito forte e muito parecido com o diamante bruto, constituído de muitos 
elementos, mas essencialmente de Amor.
Deus deu, a cada um de nós, a capacidade

de amar... Mas temos que aprender como. 
Para chegarmos a esse âmago, temos que nos 
permitir, através dos relacionamentos, ir lapidando todos os excessos que nos 
impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.
Por muito tempo em minha vida acreditei 
que amar significava evitar sentimentos 
ruins.
Não entendia que ser ferir e ser ferido, 

ter e provocar raiva, ignorar e ser 
ignorado faz parte da construção do 
aprendizado do amor.
Não compreendia que se aprende a amar 
sentindo todos estes sentimentos 
contraditórios e ... os superando.
Ora, esses sentimentos simplesmente não
 ocorrem se não houver envolvimento...
E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final: Atrite-se! Não 

existe outra forma de descobrir o Amor. E sem 
ele a Vida não tem 
significado!

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